Após o acidente de trabalho que levou um jovem de 29 anos a óbito na empresa, a White Martins, em Sorocaba, foi autuada por deixar de cumprir a Norma Reguladora (NR) 11 – de transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais. A fiscalização foi realizada a partir de denúncia do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) à Gerência Regional do Trabalho.
Segundo o auto da infração, na inspeção foi constatado que “o dispositivo utilizado para armazenar o equipamento teve ruptura mecânica em razão de não responder ao esforço solicitado pelos materiais armazenados”.
Ou seja: “o auditor observou que a prateleira mecânica utilizada para segurar a gôndola de tubulação, que caiu sobre o trabalhador, não era o suficiente ou não suportava o peso do tanque, o que possivelmente ocasionou o acidente. Eles descumpriram uma regra básica de armazenagem, que é a de respeitar a capacidade de carga da prateleira que deveria sustentar a peça”, explica Iara Ruzzinenti, técnica responsável pelo setor de segurança e saúde do trabalhador do SMetal.
O documento foi enviado à diretoria do Sindicato por meio de ofício do Ministério da Economia na última terça-feira, 1 de fevereiro, junto com o relatório de inspeção e o auto de infração. Porém, segundo o departamento jurídico do SMetal, não há informações sobre prazo para a realização das adequações nem se a empresa foi multada pela infração.
O dirigente sindical Alessandro Marcelo Nunes, responsável pelas negociações com a White Martins, conta que o Sindicato vai acompanhar de perto essas adequações, juntamente com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e o técnico de segurança. “Com saúde e segurança não se brinca e se há algum risco de acidente, ele deve ser imediatamente evitado antes que o pior aconteça, como foi a tragédia que aconteceu com o metalúrgico”.
Conforme a CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) da empresa, a White Martins se encaixa no grau de risco 3. Portanto, trata-se de uma fábrica com ramo de atividade que expõe os seus trabalhadores a riscos regulares e, por isso, possui obrigações e regras mais rígidas para a prevenção de acidentes.
“Cumprir as normas de segurança e saúde no trabalho é o mínimo que uma empresa tem que fazer. E, infelizmente, o descaso e falta de responsabilidade de quem deveria zelar pela integridade física do trabalhador, causou a morte de um jovem que tinha uma vida toda pela frente”, critica Marcelo.
Relembre o caso
Na tarde do dia 20 de outubro, o Sindicato dos Metalúrgicos foi informado sobre o acidente de um jovem de 29 anos na empresa White Martins, em Sorocaba, de que uma gôndola havia caído sobre ele. O trabalhador chegou a ser socorrido, mas não resistiu e foi a óbito.
Na mesma data, o dirigente do SMetal estava a caminho do local para conversar com os metalúrgicos sobre a pauta sobre enquadramento sindical, que estava em andamento, quando soube do acidente. Imediatamente, a diretoria acompanhou de perto o caso e comunicou o acidente para o Centro de Referência à Saúde do Trabalhador de Sorocaba (Cerest).
Ao se deparar com a situação do local do acidente, o SMetal e o departamento jurídico da entidade protocolaram uma denúncia na Gerência Regional do Trabalho informando o ocorrido e solicitando que fosse feita uma fiscalização no local. Segundo o documento, havia evidências de que o “acidente que vitimou o trabalhador foi devido à falta de arrumação e organização na planta produtiva”.
Inclusive, essa desorganização impossibilitou que o resgate do Corpo de Bombeiros entrasse com a viatura na empresa. “A empresa tem responsabilidade objetiva pelo meio ambiente do trabalho por ser ela quem tem o poder diretivo e, dentro deste, o de organização da produção”, destaca a entidade no documento enviado à gerência do trabalho.
Denuncie irregularidades
“Acidente de trabalho não é uma fatalidade e deve ser evitado a qualquer custo”, assegura o presidente do SMetal, Leandro Soares. Ele alerta ainda que, “se o trabalhador perceber algum tipo de falha que possa causar um acidente, ele deve imediatamente procurar o técnico de segurança ou a pessoa responsável por aquele setor. Essa ação pode salvar a sua vida ou a de um colega de trabalho. Não se arrisque”.
Os metalúrgicos e metalúrgicas podem denunciar qualquer tipo de irregularidade na empresa ao sindicato. As denúncias podem ser feitas na sede do SMetal; para o dirigente sindical da empresa em qual trabalha (CSE); no campo “Denuncie” do portal do sindicato ou pelo telefone (15) 3334-5400 e o WhatsApp (15) 99714-9534.
A sede do SMetal fica na Rua Júlio Hanser, 140, bairro Lageado, em Sorocaba.