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Acidente de trabalho não é fatalidade

O editorial da Folha Metalúrgica nº 907 reafirma que se há algum risco do trabalhador sofrer um acidente, seja leve, grave ou fatal, providências devem ser tomadas e qualquer irregularidade denunciada

Imprensa SMetal
Arte: Cassio Freire
Editorial da Folha Metalúrgica nº 907 reafirma que se há algum risco do trabalhador sofrer um acidente, seja leve, grave ou fatal, providências devem ser tomadas

Editorial da Folha Metalúrgica nº 907 reafirma que se há algum risco do trabalhador sofrer um acidente, seja leve, grave ou fatal, providências devem ser tomadas

Em reportagem do jornal Cruzeiro do Sul, publicada no dia 23 deste mês, o coordenador regional do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Paulo Cordeiro, afirmou que, em relação às mortes dos trabalhadores por acidente de trabalho, neste ano, “aparentemente, os trabalhadores e empresas estão sendo omissos e displicentes em relação às normas de segurança”.

Como preconiza o art. 225 da Constituição Federal, um meio ambiente sadio, pleno e global é um direito de todos e dever do Estado e da sociedade.

Mas, diante a aplicação da Reforma Trabalhista, que permite o trabalhador ser ainda mais explorado, e diante a crise social, política e econômica em que vive o país, nos causa indignação qualquer tentativa de responsabilização do trabalhador pelo acidente de trabalho, seja ele leve, grave ou fatal.

Com o governo golpista de Temer, o Brasil voltou a ter uma imensa massa de desempregados (o tal exército de reserva), o que aumenta ainda mais a pressão para o cumprimento de metas e as ameaças constantes de demissão. Faz com que o patrão jogue para cima do empregado o aviso “se não quiser assim, tem quem queira”.

Mas não podemos aceitar qualquer condição de trabalho. Não podemos aceitar uma “boca de porco”, que tem maquinário ultrapassado, sem manutenção, jornadas exaustivas. O Sindicato é uma entidade que a todo momento está lutando contra o retrocesso. Mas também por mais direitos e garantias de uma vida digna.

Falar que a culpa é a “displicência” (a falta de atenção) do trabalhador, em caso de acidente, é omitir toda essa situação caótica do mundo do trabalho, na qual a elite empresarial tenta desmoralizar o sindicato na ordem golpista atual.

É claro que os patrões não querem sindicatos fortes. É a nossa entidade que por exemplo luta pela valorização do PPR, que faz a campanha salarial, que pega no pé das fábricas para terem eleições de CIPA, que entra com processo para a reintegração do trabalhador lesionado.

É o sindicato que está nas portas das fábricas informando a categoria sobre os direitos e colocando propostas de negociações coletivas para votação, de forma democrática. Por parte do empresariado, o que há são metas para melhorar seus lucros. Eles não atuam pelo trabalhador. O Sindicato dos empresários é o Sindicato Patronal.

Por isso, nos questionamos se a intenção do depoimento do coordenador regional do Centro de Referência do Trabalhador foi realmente essa publicada pelo Cruzeiro. Considerando a importância do Cerest, entendemos que foi um equívoco essa fala porque não podemos culpar os trabalhadores por negligência.

Se não formos juntos, não chegaremos a lugar nenhum. O trabalhador cumpre um contrato de trabalho, mas não consta no contrato deixar a vida no trabalho, como nossa diretoria vem ressaltando. Nem consta no contrato sofrer mutilação, pressão, humilhação. Não podemos tolerar que abusos aconteçam.

Acidente de trabalho não é fatalidade! Se há algum risco do trabalhador sofrer um acidente, providências devem ser tomadas e qualquer irregularidade deve ser denunciada.

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