A maioria dos brasileiros (58%) quer uma revisão da reforma Trabalhista aprovada no governo do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), em 2017, que acabou com mais de 100 itens da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e legalizou o bico. Apenas 27% se dizem favoráveis ao projeto.
Os números são de uma pesquisa feita pela Genial/Quaest e foram publicados pela Folha de S. Paulo. A legislação, alterada sob o pretexto de baratear o custo do trabalho para, desse modo, criar mais empregos, fracassou.
O Brasil fechou o ano de 2021 com 13,8 milhões de desempregados, maior estimativa da série histórica, iniciada em 2012. Esse número é 59% maior do que o registrado em 2015, último ano antes do impeachment. De lá para cá, o mundo do trabalho viu crescerem empregos precários, a subocupação e a informalidade. Enquanto isso, a renda média caiu e atingiu seu menor nível em uma década.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Leandro Soares, não é com retirada de direitos que se gera empregos. “Lutamos firmemente para garantir a cláusula de salvaguarda na Convenção Coletiva, que obriga as empresas a negociarem com o Sindicato antes de implantar qualquer medida dessa infame reforma. Foi assim que conseguimos manter os empregos e os direitos da categoria”.
Ele completa que é preciso retomar o crescimento econômico com respeito aos direitos trabalhistas. “Vimos nos governos Lula e Dilma que é possível o Brasil crescer e gerar emprego garantindo os direitos das pessoas e com valorização real dos salários. Podemos ter isso novamente, se elegermos políticos comprometidos com o povo brasileiro. Esse é um compromisso de todos nós!”
Exemplo da Espanha
A pesquisa Genial/Quaest demonstra que os números da má gestão da economia já refletem diretamente na opinião pública. E a recente revisão da reforma trabalhista na Espanha reacendeu o debate no Brasil. Assim como aqui, os espanhóis viram uma legislação que “flexibilizou” direitos fracassar na justificativa de criar empregos. A reforma aprovada em 2012 na Espanha acabou sendo revista, depois de passar por um longo processo de diálogo, envolvendo empresários, movimento sindical e governo. A nova lei trabalhista foi aprovada neste início de ano.
O ex-presidente Lula, favorito na eleição presidencial de 2 de outubro, já defendeu em entrevistas que o Brasil faça o mesmo. Ou seja, articular um processo de negociação que envolva governo, empresas e sindicalistas. Além disso, outra preocupação de Lula é compor uma aliança com amplos setores da política e da sociedade para assegurar governabilidade e uma maioria no Congresso.
Há quatro anos, as pesquisas já demonstravam que os brasileiros eram contrários à “reforma” trabalhista e às privatizações de empresas públicas. Entretanto, o Congresso eleito em 2018 é considerado um dos mais conservadores da história recente. E que acabou aprovando também a reforma da Previdência.
“O que precisaremos é repensar a legislação trabalhista”, disse o ex-ministro do Trabalho Luiz Marinho em entrevista recente à TVT. “Evidentemente, de forma pactuada, como ocorreu na Espanha. A partir da negociação entre governo, lideranças empresariais e lideranças trabalhistas. Para repactuar um processo de valorização do mercado de trabalho. Buscando, dessa forma, gerar empregos de qualidade”, acrescentou Marinho, que também presidiu a CUT e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.