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Desigualdade

54% das trabalhadoras que se tornaram mães não receberam promoções nas empresas

Convenções Coletivas de Trabalho das metalúrgicas asseguram que licença-maternidade não prejudicará a trabalhadora em promoção de cargos

Imprensa SMetal
Roberto Parizotti (SAPÃO)

Além de direitos, cerca de 90% dos metalúrgicos representados pelo SMetal já têm garantido aumento nos salários.

Segundo o estudo “Aldeias do Cuidado”, realizado pelo ateliê de pesquisa Apoema em parceria com a MindMiners e a consultoria Maternidade nas Empresas, 54% das mulheres que se tornaram mães afirmam não ter recebido promoção, em comparação com 48% dos homens. Além disso, 42% das mães relataram perder oportunidades de carreira, enquanto apenas 27% dos pais compartilhavam dessa percepção.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçam o impacto da maternidade na empregabilidade. Em 2022, apenas metade das mulheres com filhos pequenos estava empregada no mercado formal, enquanto o percentual entre aquelas sem filhos alcançava 66%. Para os homens com filhos, a realidade é diferente: 89% dos que tinham crianças de até seis anos estavam empregados. Esse cenário é ainda mais crítico entre mães negras ou pardas, evidenciando um ciclo de pobreza que persiste durante gerações.

A falta de apoio e a ausência de vagas em creches públicas afetam diretamente essas mães. Segundo o movimento Todos Pela Educação, mais de 2 milhões de crianças de até 3 anos ficaram sem acesso a creches em 2022. A realidade dessas mulheres é de menor chance de alcançar a educação superior e, consequentemente, melhores perspectivas profissionais. Como alternativa, muitas recorrem ao empreendedorismo: quase metade dos microempreendedores individuais no país são mulheres. 

Para a coordenadora do Coletivo de Mulheres do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Nazaré Inocência, esse cenário é reflexo de uma sociedade machista, que trata o trabalho feminino como inferior à dos homens.

“Enquanto movimento sindical, precisamos seguir avançando na luta por melhores condições de trabalho para as mulheres”, afirma a dirigente.

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Leia mais: E o meu grupo? Veja situação de cada patronal na Campanha Salarial 

Convenções Coletivas ampliam direitos

Diversos avanços foram conquistados pelas metalúrgicas em Convenções Coletivas de Trabalho (CCTs) assinadas na Campanha Salarial 2024 com grupos e sindicatos patronais, como o Sindratar, Grupo 8.III, entre outros. Confira aqui todos os avanços.

Entre elas, uma cláusula do Grupo 3 e do Sindicel “assegura que o período da licença maternidade não prejudicará a trabalhadora em caso de contagem de tempo de serviço na empresa para a promoção de cargo e/ou salários contidos no quadro de carreira”. 

Diante do cenário apresentado pelos dados, cláusulas como esta são importantes. Além de direitos, cerca de 90% dos metalúrgicos representados pelo SMetal já têm garantido aumento nos salários.

*Com informações da CUT

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