“Desafio”. Essa é a palavra que muitos representantes do movimento sindical metalúrgico têm usado para descrever o que se pode esperar da Campanha Salarial deste ano, que tem a sua data-base no dia 1º de setembro. Isso porque, além dos entraves causados pela pandemia da Covid-19, o Brasil passa por uma pressão inflacionária que fez o preço de produtos básicos como alimentos, gás de cozinha e combustíveis pesar no bolso da classe trabalhadora.
Em contrapartida, o poder de compra dos metalúrgicos diminuiu. Desde a última data-base da categoria, em setembro de 2020, as perdas medidas pela inflação já acumulam 9,46%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC/IBGE) do mês de julho foi divulgado nesta terça-feira, dia 10, e registrou alta de 1,02%.
Segundo o economista da subseção dos Metalúrgicos de Sorocaba, Fernando Lima, os principais fatores determinantes para a inflação do mês de julho ter sido tão alta em comparação ao mês anterior foram os aumentos na energia elétrica, na passagem aérea, na gasolina e no preço do botijão de gás.
Produção metalúrgica
O argumento de que a pandemia desacelerou a produtividade das empresas é, em grande parte, inválido, já que diversas fábricas registraram produção aquecida. “O faturamento das empresas cresceu neste período apesar do déficit na economia. É hora de cobrar a parte que cabe aos trabalhadores nesse processo”, pondera o presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM/CUT-SP), Erick Silva, empossado no último fim de semana.
Diante desse cenário, é natural que a categoria espere aumento real, além da reposição do seu poder aquisitivo. Para alcançar essas vitórias, no entanto, é preciso união. “Para que tenhamos um reajuste de acordo com a realidade, da alta da inflação, precisamos estar mobilizados. Só assim vamos conquistar mais”, comenta Adilson Faustino (Carpinha), secretário de finanças da FEM e dirigente do SMetal.
Neste ano, o tema da Campanha Salarial é “+ salário, + vacina, + emprego, + direitos, + unidade”.