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Enchente no RS

Vítimas fatais das chuvas no RS chegam a 161 e é confirmada primeira morte por leptospirose

Ao programa 'Roda Viva', o governador Eduardo Leite, que mudou 480 normas ambientais antes das chuvas, nega omissão

Gabriela Moncau/Brasil de Fato
Rafa Neddemeyer/Agência Brasil

Região do Vale do Taquari, onde morreu um idoso por leptospirose, enfrenta a terceira grande enchente em oito meses.

Depois de um dia de estabilidade, o número de mortos pelas enchentes no Rio Grande do Sul (RS) subiu de novo e chegou a 161. O balanço da Defesa Civil divulgado na manhã desta terça-feira (21) contabiliza também 85 pessoas desaparecidas. Além disto, o governo do RS confirmou a primeira morte por leptospirose desde que as chuvas começaram a assolar o estado, em 28 de abril.

Nas últimas 24 horas, 3.627 pessoas deixaram os abrigos. Outras 72.561, no entanto, permanecem. Além destas, outras 581.633 estão desalojadas, ainda que não nos abrigos. No total, o Rio Grande do Sul tem 654.194 pessoas fora de suas casas.

Um homem de 67 anos, Eldo Gross, foi a primeira vítima fatal da leptospirose, segundo confirmação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) na noite desta segunda-feira (19). Ele era da cidade de Travesseiro, no Vale do Taquari, região já afetada por fortes enchentes em setembro e em novembro do ano passado.

Com a morte de Gross, o governo gaúcho ressaltou que os riscos de infecção aumentam com as cheias, mas que a doença já é endêmica no estado, ou seja, com incidência significativa na região.

Neste ano, antes das chuvas começarem, foram registrados 129 casos e seis mortes por leptospirose no RS. Nas últimas semanas, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) identificou 304 casos suspeitos e 19 confirmados. Três deles estão também no município de Travesseiro. O pai e suas duas filhas estão com a saúde estável.

A doença é transmitida pelo contato com a urina de animais infectados, em especial ratos, presente na água, lama ou esgoto. Os roedores e as baratas são dois dos bichos mais encontrados nas cidades, em meio ao lixo, com o recuo das águas.

Com a baixa do nível do Guaíba, que nesta segunda-feira marcava 4,25 metros (ainda 1,25 m acima da cota de transbordamento), cerca de mil toneladas de lixo foram retiradas das ruas de Porto Alegre. Parte da rede municipal de ensino retomou as aulas, em uma iniciativa que divide opiniões entre diretores de escolas.

Nesta terça-feira (21), de acordo com o Climatempo, acumulados de até 90 milímetros de chuva devem atingir o sul do estado gaúcho. Na quinta e sexta (23), a previsão é que as águas alcancem o centro e o norte do RS, incluindo a capital, a região dos vales e a serra.

Leia mais: ‘SOS Rio Grande do SUL’: SMetal e BAS mobilizam campanha de doações para famílias gaúchas

“Não erramos pela omissão”, diz Leite

“Não erramos pela negligência, não erramos pela omissão e não erramos pelo negacionismo”, declarou o governador do RS Eduardo Leite (PSDB), depois que veio a público que seu governo sancionou o afrouxamento de 480 normas ambientais.

A entrevista foi dada ao programa “Roda Viva” da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (20). Aconteceu no dia seguinte em que, à Folha, o governador admitiu ter sido alertado por estudos sobre os riscos das enchentes. Disse, no entanto, que outras agendas, como a do equilíbrio fiscal, se impuseram ao governo.

Gafes como a fala de que as doações podem ser ruins para o comércio local, sobre a qual depois pediu desculpas nas redes sociais, não impediram que a popularidade de Eduardo Leite subisse na internet.

Analisado pela Quaest, o Índice de Popularidade Digital – calculado pelo processamento de 175 variáveis de plataformas como Instagram, Google, Facebook, TikTok e Twitter – mostra um crescimento de Leite. Entre os governadores do país, ele agora está empatado com o chefe do executivo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ambos em primeiro lugar.

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