A cada dez casas vistoriadas na região do bairro Nova Sorocaba, em uma delas os agentes de saúde da Divisão de Zoonoses, da Secretaria da Saúde (SES), localizam ao menos um foco de larvas do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. O levantamento leva em contra o trabalho de prevenção realizado nas duas últimas semanas naquela região da cidade. As visitas de casa em casa ocorrem diariamente, de forma ininterrupta, também em outras áreas de Sorocaba.
Em média são visitadas 25 casas por dia, aponta Alberto Domingues Coelho, coordenador da equipe de agentes que está atuando na Nova Sorocaba. “Tem muita gente que se preocupa e mantém a casa livre da dengue. Mas tem outros que ainda não se conscientizaram do problema. E agora não dá para alegar falta de informação. Não é de hoje que os agentes explicam como proceder e tem gente que insiste em não seguir as orientações”, frisa.
De apenas uma das casas no bairro a ‘Zoonoses’ retirou cerca de quinhentos quilos de possíveis criadouros, como garrafas, latas e caixa d’água, em duas visitas realizadas este mês, a última nesta segunda-feira (16). “Em outra casa, no Jardim São Conrado, que fica na mesma região, havia sete pneus com larvas do mosquito. Nestes casos a gente também notifica o proprietário”, complementa o agente de saúde Ricardo Isaac Corrêa. Somente na manhã desta segunda-feira (16), cerca de duas toneladas de materiais inservíveis foram retiradas das casas, quantidade que encheu a carroceria do caminhão usado para remoção.
Alberto alerta para a questão das caixas d’água, que devem estar bem tampadas. Devido às recentes ventanias, há muitos casos em que a tampa se movimentou, deixando uma abertura que favorece a proliferação das larvas. “Constatei por aqui cerca de quatro a cinco casos graves quanto a essa situação”, aponta Ricardo.
A dona de casa Maria Helena Andrade Souza, 44 anos, recebeu os agentes e foi orientada a manter a casa livre de criadouros. “Faço o que posso. Não dá para descuidar. Na Casa do vizinho duas pessoas já tiveram dengue”, menciona a moradora do Jardim São Conrado. A equipe de Zoonoses não constatou focos da dengue na casa dela, mas aproveitou para vedar com tela a saída de água que funciona como ‘ladrão’ na caixa d’água.
“Pode parecer exagero, mas todo cuidado é pouco para evitar uma nova epidemia na cidade. O mosquito está presente, basta aparecer uma pessoa com dengue por aqui, para que o número de casos se multiplique”, justifica Alberto. Somente na região atendida pela Unidade Básica de Saúde (UBS) Nova Sorocaba, de 5 de julho a 23 de outubro de 2015, dois casos de dengue foram identificados, de um total de 22 na cidade, conforme último boletim divulgado pela SES em 28 de outubro. “Vale destacar que o ‘Nova Sorocaba’ foi um dos mais afetados pela dengue no primeiro semestre deste ano”, recorda.
Programação
Além da região que abrange o bairro Nova Sorocaba, nesta semana as visitas de casa em casa também estão sendo realizadas nos arredores do Barcelona, Aparecidinha, Parada do Alto, Jd. São Paulo, Jd. Luciana Maria, Jd. São Lourenço e Ipanema Ville.
Ivan Santos Vieira coordena a equipe de agentes de saúde que estão atuando neste último bairro. “Repetição é arma para o aprendizado. Passamos numa casa e depois voltamos, em outra oportunidade, para reiterar a importância da prevenção à dengue”. Ele destaca que a população, em geral, tem aceitado mais o trabalho dos agentes. “Mas sempre tem algum caso de recusa, de gente que não deixa a equipe entrar para fazer a vistoria. Somos curiosos, vasculhamos tudo para identificar possíveis focos”.
Além dos possíveis criadouros de larvas de mosquitos, a ‘Zoonoses’ faz também a retirada de todo tipo de material que possa favorecer a proliferação de outros insetos, bem como roedores, cobras e escorpiões. Atualmente, os arrastões de casa em casa são realizados por três equipes ligadas à SES. Os inservíveis recolhidos são levados para o aterro de Iperó.
A médica veterinária Thaís Buti, da Divisão de Zoonoses da Prefeitura, esclarece que o setor não tem prevista para esta semana as nebulizações, com aplicação de veneno nas residências, uma vez que não houve ocorrência recente de casos de dengue.