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Dia Nacional de Paralisação

Transporte coletivo volta a funcionar em Sorocaba e Votorantim

Sindicato não descarta nova mobilização ainda nesta quarta-feira

Jornal Cruzeiro do Sul
Erick Pinheiro

Os ônibus começaram a sair das garagens às 9h50

As cidades de Sorocaba e Votorantim amanheceram com o transporte público municipal parado nesta quarta-feira (15). A manifestação do Sindicato dos Rodoviários é parte do Dia Nacional de Paralisação, que tem por objetivo marcar posição contra o projeto de lei que regulamenta o trabalho terceirizado no País. Os terminais de ônibus das duas cidades ficaram vazios e muitas pessoas souberam da suspensão do serviço após chegarem aos pontos. Os ônibus começaram a deixar as garagens para voltar às ruas somente às 9h50, em direção aos terminais e aos pontos finais. A paralisação também englobou os ônibus fretados. Dos intermunicipais que circulam em Sorocaba, foram afetados os que trafegam até Votorantim e Porto Feliz. O Sindicato não descarta uma segunda mobilização ainda nesta quarta-feira, mas não detalhou se o transporte público vai parar novamente.

O Sindicato realizou assembleias na STU, Consórcio Sorocaba e Auto-Ônibus São João, para decidir os próximos passos da mobilização. Finalizadas as reuniões nas garagens dessas três empresas, os motoristas começaram a sair juntos.

Em nota, o sindicato informou que participa da mobilização PL 4330, convocada pelas centrais sindicais CUT, CTB, Nova Central, Intersindical e Conlutas. A paralisação começou nas primeiras horas de hoje.

No Terminal Rodoviário de Sorocaba, os ônibus saem normalmente com destino a São Paulo e outras cidades. Só estão paralisadas as linhas para Votorantim e as saídas para Porto Feliz.

Parque das Águas

Cerca de 60 ônibus fretados foram abordados por sindicalistas e desviados para o Parque das Águas, onde concentraram-se aproximadamente 3 mil trabalhadores de indústrias de Sorocaba e cidades da região, segundo estimativa da Central Única dos Trabalhadores (CUT). A Polícia Militar calculou 1,5 mil pessoas e 100 ônibus nas imediações do parque. As interceptações aos fretados começaram às 5h. Empresas que já sabiam da mobilização desviaram os coletivos ou adiaram o primeiro turno do dia para evitar que seus funcionários participassem da reunião, informaram líderes sindicais, que esperavam número maior de trabalhadores. Por volta das 8h40, os trabalhadores começaram a ser liberados para as empresas.

O prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) criticou a maneira como a mobilização ocorreu e chamou de “sequestro” o desvio dos ônibus fretados. Pannunzio destacou a legitimidade do direito de manifestação, mas lamentou que os sindicatos não tenham comunicado antecipadamente a paralisação do transporte coletivo, o que, em sua opinião, teria minimizado os prejuízos à população. Disse ainda que o sindicato não respeitou a lei, pois não manteve parte do serviço funcionando. Sobre os ônibus fretados, foi ainda mais crítico: “Não sei se é exagero usar esse termo, mas comparo essa atitude a um sequestro”, declarou. Ainda conforme o prefeito, a Urbes – Trânsito e Transportes soube da paralisação às 4h e tudo o que pôde fazer foi bloquear a entrada nas roletas do terminal, para evitar que usuários gastassem passagem na expectativa de encontrar algum ônibus.

Gileno dos Santos, secretário-geral do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, declarou que a paralisação não foi anunciada com antecedência por não se tratar de greve. Segundo ele, para chamar atenção à causa, seria fundamental agir dessa forma.

De bicicleta, táxi ou a pé

Quem dependia do transporte coletivo fez o que pôde para se deslocar nesta quarta-feira. Pelo menos duas estações do Integrabike, sistema público de bicicletas, estavam vazias nesta manhã. Nas ruas, foi possível encontrar muitas pessoas que decidiram seguir a pé por longas distâncias. As centrais de táxi informavam que a média de espera para atendimento era de aproximadamente 1 hora.

O taxista Willyan Ribeiro de Lara, que também atende pelo aplicativo Easy Táxi, informou que não conseguiu cumprir chamados por telefone ou pela internet, pois muitas pessoas o pararam na rua. O aumento do número de passageiros, segundo ele, foi de 100%. “Estou desde as 5h30 na rua e já passaram umas 25 pessoas pelo táxi”, estimou. Segundo o condutor, muitas pessoas que iam ao trabalho, para eescola ou faculdade optaram por dividir o valor da corrida com outros passageiros. “Atendi, ao mesmo tempo, até quatro pessoas com destinos diferentes”.

No Terminal de Votorantim, um homem com uma van oferecia transporte até o terminal Santo Antônio por R$ 5. Ele contou que é dono do veículo e viu na paralisação uma oportunidade de ganhar dinheiro.

A doméstica Sandra Bastos, 40 anos, mora em Votorantim e, após ser informada sobre a falta dos ônibus, foi até o terminal da cidade na esperança de encontrar algum meio de ir para o trabalho. Entretanto, sua patroa teve que buscá-la no local. Apesar do transtorno, Sandra apoia a manifestação. “Os motoristas estão no direito deles de protestar”, ressaltou.

Giseli Sacoman, 34, também mora em Votorantim e precisou de carona até o Terminal São Paulo. A funcionária do Hospital Modelo esperava um jeito de chegar ao trabalho, no bairro Trujillo, em Sorocaba, quando recebeu um telefonema de sua encarregada, que a dispensou. Como já estava próxima ao terminal, teve que voltar para a casa caminhando, por um trajeto de aproximadamente uma hora e meia até a Vila Garcia. “Atrapalhou totalmente minha vida”, reclamou a recepcionista, que soube da paralisação por meio da imprensa e criticou o movimento por não avisar que o transporte seria suspenso. (Com informações de Giuliano Bonamim, Rosimeire Silva, Thiago Arioza e Sabrina Souza)

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