Em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, trabalhadores metalúrgicos vão continuar acampados em frente à fábrica de ônibus e caminhões da Mercedes-Benz. A mobilização começou na última segunda-feira (8), na tentativa de reverter cerca de 500 demissões anunciadas pela montadora em maio. Desde então, os metalúrgicos têm organizado movimentos como paradas em setores da produção, manifestações e, agora, o acampamento. Parte deles estava no chamado lay-off (suspensão do contrato de trabalho), com previsão de retorno no próximo dia 15, mas foram informados sobre as demissões.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, ressaltou o porte e a importância da empresa, que, segundo ele, tinha condições de buscar alternativas às demissões. “Essa não é uma empresinha qualquer, é empresa multinacional, muito estruturada, uma marca importante no mundo, Podia buscar suporte externo para atender, aqui, os empregos, trazendo produção de exportação para cá.” A ação busca reverter as demissões anunciadas pela montadora em maio, quando foram desligados 500 dos 750 funcionários afastados em regime de lay-off, desde o ano passado.
“São em mobilizações como essas que nascem coisas novas. É só lutando que se consegue os objetivos na vida. E aqui não será diferente. Infelizmente, as negociações cessaram já há duas semanas. A direção de Recursos Humanos da empresa está em um seminário na Alemanha e esperamos que volte com alguma posição. Neste momento, não tem negociações em andamento. Por isso, agora é resistência e buscar alternativas”, afirmou Marques.
A montadora informa que a decisão é para ajustar a produção frente às dificuldades das vendas do setor neste ano. Desde o início de 2015, a empresa acumula queda de 42,7% no licenciamento de caminhões e 15,2% em ônibus nem relação a 2014 (de janeiro a maio).
“Quando a Alemanha (país-sede da Mercedes-Benz) passou por dificuldades em 2011 e 2012, aqui no Brasil estava bombando a produção (de veículos) e certamente as remessas de lucros que saíram do nosso País ajudaram os alemães a não terem problemas de empregos por lá. Agora, o tratamento não pode ser diferente com o Brasil”, comparou o sindicalista. Ainda segundo Marques, cerca de 2,8 mil trabalhadores perderam o emprego até agora no setor em 2015, sendo “a grande parte nas montadoras, mas por PDV (plano de demissões voluntárias)”.
“A primeira e única demissão em massa que foi desse jeito aconteceu somente na Mercedes. Por isso, a nossa indignação”, acrescentou o sindicalista. O coordenador do comitê sindical na Mercedes, Max Pinho, disse que o acampamento “não tem data para terminar” e espera que a empresa reverta as demissões e abra negociação. “Se reverter as demissões e chamar para uma conversa, a gente pode cessar o acampamento. Caso contrário, vai continuar por tempo indeterminado.”