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Contra demissões

Trabalhadores decretam greve na Ford de São Bernardo

Montadora pretende efetuar cerca de 200 demissões

ABCD Maior
Adonis Guerra

Metalúrgicos aprovaram em assembleia greve por tempo indeterminado

Os trabalhadores da Ford decretaram greve por tempo indeterminado na manhã desta quinta-feira, dia 10, em São Bernardo. A fábrica anunciou cerca de 200 demissões na tarde de ontem. A diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC busca alternativas para evitar os cortes.

“Não vamos aceitar as demissões e por isso, hoje, iniciamos mais uma luta. Temos alternativas para discutir com a empresa, não é simplesmente anunciar cortes e achar que está tudo bem. Entendemos o cenário de retração nas vendas, mas o trabalhador não pode pagar esta conta”, disse o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Alexandre Colombo.

De acordo com o sindicalista, a montadora comunicou na manhã de quarta-feira, dia 9, que seria necessário efetuar cortes na unidade de São Bernardo. No final da tarde cerca de 200 trabalhadores foram informados que seriam desligados da fábrica. Parte das demissões é de funcionários que estão na fábrica e outros que estão afastados por meio de lay off (contratos suspensos temporariamente) e banco de horas.

“Fomos surpreendidos com a notícia das demissões. Desde outubro de 2014 a diretoria do sindicato dialoga com a Ford medidas para evitar os cortes. Muita coisa já foi feita e por isso o choque deste comunicado. Não podemos aceitar estas demissões, porque a fábrica já sinalizou que em janeiro haverão mais cortes”, afirmou o coordenador da comissão de fábrica, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba.


Produção

De fato, o ritmo de produção diminuiu diante da queda nas vendas que o setor automotivo enfrenta. De acordo com Paraíba, atualmente a fábrica produz 35 carros e 13 caminhões por hora. Para efeito de comparação, a unidade já operou com 55 carros por hora. A expectativa é de que em janeiro de 2016 a linha produza 28 carros e mantenha 13 caminhões por hora, causando excedente de 284 funcionários.

Uma série de ações foram implantadas pela montadora no decorrer do ano, como férias coletivas, PDV (Programas de Demissão Voluntário), adoção de lay off (contratos suspensos temporariamente) para cerca de 160 funcionários até outubro, e o afastamento por meio de banco de horas para 59 pessoas desde fevereiro.

A Ford assinou um acordo em março deste ano com o sindicato que previa estabilidade para todos os funcionários da unidade até 2017. Porém, há uma cláusula na qual se o setor automotivo estiver enfrentando uma crise nacional, a empresa poderá negociar com o sindicato cortes. Porém, de acordo com os sindicalistas não houve exatamente uma negociação. “A fábrica disse ontem de manhã que precisava conversar porque precisava demitir. Fomos a reunião e já entregaram a lista e comunicaram os trabalhadores. Isto não é negociar”, disse Paraíba.

Os trabalhadores decidiram por meio de assembleia, adotar greve por tempo indeterminado, enquanto o sindicato busca nova negociação com a empresa. A adoção do PPE (Programa de Proteção ao Emprego) é considerada uma alternativa viável pelo sindicato, porém, a empresa já sinalizou à entidade que o não tem interesse no programa, pois não atenderia as necessidades da unidade.

A Ford informou por meio de nota que “tem utilizado todas as ferramentas possíveis para adequar a produção à significativa desaceleração da demanda automotiva. Como parte desse esforço, a montadora está reduzindo sua força de trabalho na fábrica de São Bernardo.”


Números

Os dados da Anfavea revelam que as vendas de carros da marca caíram em torno de 20% em agosto deste ano em relação a julho. No mês passado foram licenciadosno Brasil 19.474 veículos Ford, cerca de 4,5% a menos que agosto de 2014. De janeiro a agosto deste ano, foram vendidos 168.610 carros da marca, 3,2% a menos que o mesmo período do ano passado.

Em relação às vendas dos utilitários leves da Ford, o desempenho é ainda pior. As vendas caíram 27,7% em agosto deste ano, em relação ao julho. Do total de veículos leves vendidos em agosto de 2015 (1.279 unidades), as vendas caíram aproximadamente 40% em relação ao mesmo mês de 2014. Neste ano, foram vendidos 12.763 unidades, cerca de 24% a mesmo que o mesmo período do ano passado.

Os resultados do setor de caminhões também são menores. Entre janeiro a agosto de 2015, foram vendidos 11.763 unidades, cerca de 27,7% a menos na comparação com mesmo período do ano anterior. No segmento pesados a diminuição das vendas chega a 61% neste ano.

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