Os metalúrgicos da Toyota de Sorocaba rejeitaram hoje, dia 9, uma proposta de acordo apresentada pela empresa ao sindicato da categoria na noite de ontem. A rejeição aconteceu em assembleias realizadas às 8h e às 17h. Com isso, a greve na montadora está mantida e completou oito dias no final da tarde de hoje.
No período da manhã, com cerca de 900 funcionários, que inclui o pessoal do primeiro turno da produção e também o setor administrativo, a votação terminou empatada. No segundo turno de produção, à tarde, com 600 funcionários, a rejeição à proposta da empresa foi superior a 80%.
Os trabalhadores reivindicam reajuste no piso salarial, aumento do adicional noturno e fornecimento de vale-compra.
A proposta apresentada pela Toyota – a primeira desde o início da paralisação – aumentava o piso de R$ 1.560 para R$ 1.654; prometia o vale-compra para janeiro de 2014, reajustava o adicional noturno de 10% para 25% em abril de 2014 e oferecia estabilidade no emprego até junho de 2014 (veja proposta na íntegra abaixo).
Na estimativa do Sindicato, cerca de 80% da produção, que tem 1.200 trabalhadores, continua parada. Já o setor administrativo, com 300 funcionários, praticamente não aderiu ao movimento.
Decisão pode ir para o TRT
Após a rejeição da proposta, a Toyota afirmou ao Sindicato que não está mais aberta a negociações. A empresa afirmou, ainda, que deverá pedir julgamento da greve, conhecido como dissídio, ao Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas.
Na assembleia da tarde de hoje, que confirmou a rejeição já definida pelo turno da manhã, a diretoria do Sindicato reconheceu alguns avanços na proposta da Toyota, mas afirmou que vai estar ao lado dos trabalhadores na decisão de manter a greve, iniciada no último dia 2.
A proposta foi apresentada ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Ademilson Terto da Silva, por telefone, no final da noite de ontem, dia 8, após a direção local da Toyota ter-se reunido, em videoconferência, com a diretoria da matriz no Japão, às 22h.
As negociações avançaram a madrugada e a proposta só terminou de ser concluída pouco antes da primeira votação de hoje, na porta da fábrica, às 8h.
Produção comprometida
A Toyota de Sorocaba foi inaugurada em agosto de 2012 e conta com 1.500 trabalhadores. Ela produz mais de 70 mil unidades do modelo Etios por ano. A produção diária é de mais de 300 veículos. Mas desde o início da greve, a produção caiu para cerca de 10 carros por dia, segundo informações obtidas pelo Sindicato.
Após uma semana de greve, as revendedoras afirmam já haver lista de espera de um mês para o modelo Étios.
Já as fornecedoras da Toyota instaladas em Sorocaba, chamadas de sistemistas, também estão com sua produção comprometida. Na Scórpios, por exemplo, os trabalhadores foram dispensados no início desta semana e só retornam ao trabalho após o fim da greve na Toyota. Na TT Steel, a produção estava operando com 20% da capacidade na última segunda-feira, quando a paralisação na montadora tinha cinco dias.
Na estimativa do Sindicato, mais de 80% dos 1.200 trabalhadores da produção aderiram à greve. Já o setor administrativo, com 300 funcionários, praticamente não aderiu ao movimento.
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PROPOSTA REJEITADA PELOS TRABALHADORES DA TOYORA
1. Estabilidade no emprego de 8 meses (até junho de 2014) para todos os funcionários;
2. Implantação do vale-compra em janeiro de 2014 – O valor seria definido até dezembro deste ano, antes das férias coletivas, por uma bancada de negociação que seria montada após o fim da greve;
3. Reajuste do adicional noturno de 20% pra 25% a partir de abril de 2014 (início do ano fiscal da Toyota);
4. O piso seria reajustado de R$ 1.560 para R$ 1.654 a partir de 1º de setembro deste ano. Portanto, o reajuste seria retroativo ao mês passado. O reajuste equivale à inflação dos últimos 12 meses (6,07%). A bancada de negociações que iria definir o valor do vale-compra também poderia definir uma nova política de valorização do piso salarial na Toyota de Sorocaba;
5. Os dias parados devido à greve não seriam descontados dos salários, nem teriam reflexos no pagamento da Participação nos Resultados. A bancada de negociação iria definir a forma de compensação dos dias parados, sem que houvesse prejuízos financeiros aos trabalhadores.
6. Retorno imediato ao trabalho, com início também imediato do diálogo para montagem da bancada que vai negociar o valor do vale-compra, a compensação dos dias parados e a política de valorização do piso.
Empresa afirma que vai entrar com pedido de julgamento da greve no Tribunal Regional do Trabalho (Foto: Felipe Shikama/Imprensa SMetal)