Em 2002, a população ocupada com 11 anos ou mais de estudo representava 44,7% do total. Esse percentual saltou para 60,7% em 2011. De acordo com a 14ª edição do boletim “Economia Brasileira em Perspectiva”, publicado pelo Ministério da Fazenda neste mês, esse aumento explica o incremento da produtividade brasileira, o que aumenta os salários e a lucratividade dos negócios. De acordo com o último Censo da Educação Básica (2010), o número de vagas no ensino profissionalizante saltou de 565 mil, em 2002, para as atuais 924 mil. E, se forem consideradas as matrículas do ensino médio integrado, são 1,1 milhão de matrículas – 74,9% mais do que em 2002.
Esse resultado faz parte de uma política de investimento no ensino fundamental e médio, amparada em outras ações de garantia de renda e de manutenção das crianças nas escolas. O Plano de Desenvolvimento da Educação, de 2007, articula as ações de todos os entes federados para formar melhor a nova geração, cuja maioria nem teria chegado ao ensino médio. Para a diretora de Currículos e Educação Integral da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, Jaqueline Moll, a transformação faz parte do processo de criação de uma sociedade em que a maioria da população está na classe média. O que hoje aparece como aumento do consumo, na próxima geração será uma mudança estrutural na sociedade brasileira. “Teremos uma bela surpresa, porque esses jovens estão tendo acesso a experiências a que seus pais nunca tiveram”, afirma.
Além dos números de investimentos e ampliação de vagas, Jaqueline atenta para a melhoria da qualidade dos currículos, no domínio da linguagem e da matemática, e também atividades extracurriculares de cultura, esporte e artes, como bandas, corais e teatro.
Jaqueline avalia que a cultura anterior de que os pais mais pobres ficavam satisfeitos quando os filhos aprendiam a ler, escrever e contar, o que seria suficiente para entrar no mundo do trabalho, está sendo substituída. Assim, as crianças, que antes nem terminavam o fundamental, chegam ao ensino médio com o impulso de estarem habituadas e a valorizarem a escola. “Exatamente como as classes médias sempre fizeram, a diferença é que a estrutura educacional não se configura como uma pirâmide com poucos no topo, está se tornando um prédio, retangular”, diz.
Recursos – O orçamento para a educação profissional passou de R$ 1,2 bilhão, em 2003, para pouco mais de R$ 9 bilhões, em 2012. Dentre as ações que contribuíram para este aumento significativo de oferta de vagas está a criação dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, que passou de 140 unidades, em 2002, para 354, ao final de 2010. Até 2014, serão 562 campi em funcionamento. Houve também o fortalecimento das redes estaduais de ensino técnico, por meio do convênio de recursos do programa Brasil Profissionalizado, por exemplo, e o acordo de gratuidade na oferta de vagas pelo Sistema S.