Jesiane, 29, Aline, 32, Stephanie, 25, e Natalina, 34, são mães de crianças atendidas pela Pastoral do Menor, no bairro Jacutinga. A entidade é cadastrada no Banco de Alimentos de Sorocaba (BAS) e será beneficiada pelas cestas da Campanha Natal Sem Fome 2023, promovida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal).
Em entrevista, elas contam sobre as dificuldades que a população de Sorocaba enfrenta no seu dia a dia e reforçam a importância da Pastoral do Menor.
“Eu só tenho que agradecer à Pastoral. Às vezes não tem uma mistura em casa e eles chegam lá com legumes. Ontem mesmo chegou, agradeci à Deus”, disse Aline.
O mesmo sentimento é exposto pela Jesiane, que fala que a entidade sempre está por perto para ajudar.
“Hoje mesmo eu estava sem nada dentro de casa para dar de café de manhã para os meus meninos. Aí eu pedi para o meu menino vir aqui para ver se eles não tinham um pão e um leite para dar para os outros que estavam em casa. Aí ele chegou com pão, chegou com verdura. Não sei nem como agradecer!”.
Perguntadas sobre o que significa o Natal para elas, Natalina diz que tem esperança de um mundo melhor e Stephanie compartilha do mesmo sentimento: “Eu tenho uma coisa que eu sempre carrego comigo, é a esperança e a fé”.
Leia abaixo a entrevista completa. A Janete da Cruz Costa, coordenadora da Pastoral, acompanhou o bate papo da jornalista do SMetal com as mães de crianças atendidas pela Pastoral do Menor.
Jornalista: Por favor, se apresentem e contem um pouco da história de vocês.
Jesiane: Meu nome é Jesiane, tenho dois meninos aqui no CEC e só tenho que agradecer cada vez, todos os dias. Ela me ajuda e dá um apoio para a gente. Hoje mesmo eu estava sem nada dentro de casa para dar de café de manhã para os meus meninos. Aí eu pedi para o meu menino vir aqui para ver se eles não tinham um pão e um leite para dar para os outros que estavam em casa. Aí ele chegou com pão, chegou com verdura. Não sei nem como agradecer mesmo, de verdade, a Pastoral.
Aline: Meu nome é Aline. Eu tenho que agradecer, porque ela está se desenvolvendo bem aqui na Pastoral. E tenho que agradecer a Pastoral. Às vezes não tem uma mistura em casa e ele chega lá com legumes. Ontem mesmo chegou, agradeci à Deus. Minha história é quase igual a dela, hoje não tinha pão. Meu filho falou: “Mãe, quero pão!”. Eu mandei mensagem para a Janete [coordenadora da Pastoral] perguntando se tinha alguns pãezinhos e ela falou para eu ir buscar.
Natalina: Meu nome é Natalina, eu tenho um menino que é atendido pela Pastoral. Eu sou muito grata desde o dia que ele começou a participar do projeto, porque além da ajuda que a gente recebe aqui, eles aprendem muito também. Dos alimentos, nossa, a gente cada dia fica pensando: “ai, tomara que hoje venha algum alimento”.
Jornalista: Me contem um pouco então, o que significa o Natal para vocês. Como vocês estão se preparando para esse momento?
Jesiane: Olha, me preparando não estou, porque eu estou na esperança de um milagre acontecer para ver se conseguimos uma verdura, um negocinho diferente.
Aline: Ah, eu estou entregando na mão de Deus. Meu marido trabalha, não deixa faltar nada, mas às vezes tem uma mistura, hoje mesmo fiz batata frita que veio de ontem, então é um dia após o outro, né?
Natalina: A gente quer que seja um Natal maravilhoso, né? Só que a gente fica naquela dúvida. Meu marido trabalha também, como autônomo, acabou de passar por um momento difícil em nossa vida, e agora que ele retornou a trabalhar novamente, né? Então estamos reorganizando nossas contas.
Jornalista: Alimentar-se todos os dias é um Direito Humano, todo mundo deveria ter esse acesso. Na opinião de vocês, o que o poder público, a Prefeitura, os Vereadores, deveriam fazer para resolver essa questão?
Jesiane: Eles poderiam ir ao CRAS, ver quem está precisando mais e ajudar com alguma cesta básica. E quem estivesse precisando mais, ajudar com uma verdura. Minha menina nasceu prematura e desde os quatro meses dela, comecei a correr atrás do leite, e ela nunca conseguiu pegar leite no postinho.
Natalina: Ah, eles têm que se preocupar mais. Lá no CRAS da Vila Helena, teve uma vez que fui lá atrás de uma cesta. Nossa, a fila para pegar lá, enorme. E se a gente, talvez está precisando de algo para aquele momento, fica sem comer. É muita burocracia para pegar as coisas, não tem jeito.
Jesiane: Eu fui essa semana e não deu para pegar. Falei com a Janete, eu fui e perguntei, que eu até buscaria. Ele falou que não tinha que estar na fila de espera, porque é muita gente.
Aline: Às vezes faltam as coisas e não tem se a gente não correr atrás.
Janete: Aqui, na Pastoral, não temos ajuda da prefeitura, nenhum apoio. O que sustenta hoje a pastoral são os impostos, como a Nota Fiscal Paulista é o que sustenta aqui hoje. Aqui no CEC Jacutinga não temos nada de apoio para que a gente dure.
Jornalista: Qual é o recado que vocês querem dar para as pessoas em relação ao Natal Sem Fome? Que diferença essa ação vai fazer na vida de vocês?
Jesiane: Vai fazer muita diferença. A gente fica pensando “nossa, vou fazer aquela ceia de Natal”. Mas não precisa ser “a” ceia, mas só de fazer uma mesa bonitinha para os nossos filhos, ver um sorrisinho no rosto deles faz bastante diferença.
Aline: O que vier vai ser bem recebido e utilizado, porque as crianças esperam também, né? A gente não vai ter dinheiro. Eu mesma não sei o que vou dar para o meu filho. Eu estava assim hoje: ou eu compro o sapato ou a roupa pra eles? Se eu comprar pra eles, vou ter que comprar para os dois maiores. Parte o coração da gente.
Stephanie: A gente, que está em situação de vulnerabilidade, agradece as pessoas que dão assim pra gente, porque querendo ou não é um pão, é uma batata, mas para a gente é um alimento a mais na mesa. A gente que depende do Bolsa Família, tem dia que a gente pega uma coisa “fiada”, a gente recebe, paga, para no outro mês ter a quantidade.
Aline: Agradecemos quem puder ajudar, porque a gente precisa. Todos nós precisamos um do outro, né? Para a gente passar um Natal feliz com a nossa família.
Jornalista: O tema da campanha deste ano é Reconstruindo a Esperança, porque a gente acha que a gente está nesse momento que a gente perdeu a esperança, que estamos tentando reconstruir.
Aline: Eu tenho, sabia? Eu tenho muito. Eu falo que esse Natal vai ser melhor que o outro. Só de eu estar bem, com meus filhos, com saúde.
Stephanie: Eu tenho isso comigo. Eu tenho uma coisa que eu sempre carrego comigo, é a esperança e a fé.
Aline: É um dia após o outro, não é? Um Natal após o outro também.