A reta final do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff teve início nesta quinta, dia 25, desde as 9h, no Senado Federal. Nesta sessão, os senadores inscritos poderão fazer perguntas para as testemunhas designadas pela acusação. Na sequência, serão ouvidas testemunhas da defesa, o que deverá ocorrer amanhã – podendo se estender para o final de semana. Na segunda-feira (29), será a vez de a presidenta Dilma Rousseff fazer sua própria defesa. Ela falará por 30 minutos da mesa diretora, ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, e do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Depois disso, haverá mais um ou dois dias para falas de senadores e realização da votação. Os pedidos de inscrição serão feitos a partir das 9h da véspera de cada sessão, conforme protocolo definido para evitar a chegada dos senadores ao plenário ainda durante a madrugada, como ocorreu no último dia 10, quando Dilma tornou-se ré no processo.
Os inscritos poderão fazer perguntas ou se dirigir a Dilma por cinco minutos cada um após a fala da presidenta. Ficou acertado, dentre os senadores da base do governo provisório, que somente os líderes poderão se manifestar, como forma de evitar atrasos na realização da sessão.
Este acordo, no entanto, não inclui os contrários ao impeachment, que defendem que todos os ritos sejam cumpridos, mesmo que a independentemente da duração da sessão. Para Lindbergh Farias (PT-RJ), líder das minorias no Senado, “os senadores têm o dever de perguntar”. Renan Calheiros pediu bom senso por parte de todos e também, para que haja simplificação das oitivas das testemunhas.
‘Brasil vai parar’
De acordo com o petista, os senadores contrários ao impeachment querem “ver o confronto entre os que defendem o processo e a presidenta Dilma”, porque, para ele, os argumentos “não têm como ser contestados”. “Eu acho que nesse dia o Brasil vai parar para escutar a presidente Dilma e eu tenho uma certeza: nós vamos virar a opinião pública. Porque vai ficar claro que não houve crime por parte dela, com Dilma respondendo diretamente a cada senador”, afirmou.
Bastidores
Na Câmara dos Deputados, também foi combinado que esta quinta-feira será um dia sem votações emblemáticas na pauta, para que todos possam acompanhar de perto a sessão do Senado. Mas ainda são muitas as conversas de bastidores sobre senadores que teriam sido chamados nas últimas horas ao Palácio do Planalto para conversar com a equipe de articulação política do governo Temer, numa tentativa de negociar votos.
Algumas informações repassadas pelos favoráveis à aprovação do afastamento de Dilma são de que o governo interino de Michel Temer conta com 61 votos e dá como certa a aprovação do impeachment. Mas deputados e senadores do PT, PCdoB, PDT e até do PSB passaram a tarde dizendo que a conta não é precisa e que são certos só 38 votos. Segundo eles, outros seis ainda serão definidos até o final do julgamento. E contam com o discurso a ser feito pessoalmente por Dilma para ajudar nessa virada de jogo.
Outros menos otimistas, incluindo alguns senadores do PT, afirmaram que essa conta também está truncada e que há 52 votos favoráveis ao impeachment tidos como certos, enquanto o que vai fazer a diferença são dois votos, que podem ser mudados por qualquer um dos senadores. No total, são necessários 54 votos para que o processo seja aprovado em definitivo.
“Sabemos que o lado do Temer está blefando, não acreditamos que eles já tenham todos os votos para garantir o fim do impeachment, mas daí a dizer que faltam seis votos é exagero. A diferença será por um ou dois votos”, disse um líder partidário que preferiu não se identificar – e que acredita numa reviravolta, ao final dos trabalhos.
Muitos senadores já disseram que pretendem chegar muito cedo ao plenário, para dar entrevistas e confirmar os últimos detalhes para a abertura da sessão, como as senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).