Manaus (AM) sediou na última quinta-feira (1º) o terceiro encontro de trabalhadores e trabalhadoras do segmento eletroeletrônico da série que a CNM/CUT vem realizando pelo país nos últimos meses. O primeiro aconteceu em junho, em Extrema (MG), e o segundo foi em Sorocaba (SP), em julho.
A capital manauara é um importante polo industrial do país, pois é onde está localizada a Zona Franca de Manaus. No encontro de trabalhadores, 27 dirigentes sindicais representando 14 empresas do Pólo Industrial de Manaus estiveram presentes.
As empresas locais possuem um total de 42.471 trabalhadores, com uma presença significativa de mão de obra de mulheres, 45,7% no segmento.
Segundo a secretária de Mulheres da CNM/CUT, Maria de Jesus, que é dirigente sindical em Manaus e também uma das coordenadoras do segmento eletroeletrônico da Confederação, os representantes dos trabalhadores puderam trazer ao encontro as experiências do dia a dia nas empresas, relatando as dificuldades, avanços e conquistas nas relações de trabalho no chão de fábrica.
“O objetivo desse encontro foi estabelecer diálogo com trabalhadores e trabalhadoras desse segmento, elencar demandas locais, e as ações realizadas pela CNM/CUT relativas ao eletroeletrônico e definir pauta nacional que considera as demandas desde o chão da fábrica”, disse a dirigente.
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Realidade política e econômica no ramo
A economista e técnica da subseção Dieese da CNM/CUT, Renata Filgueiras, apresentou aos sindicalistas um retrato do segmento eletroeletrônico no país e suas peculiaridades. Ela explicou também o que é o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS), iniciativa do governo federal que une políticas públicas direcionadas aos semicondutores. Além disso, houve apresentação sobre a Lei de Informática (política industrial do governo que influencia diretamente as empresas da Zona Franca de Manaus), e o sobre o impacto da Reforma Tributária na indústria.
“Compreender a organização produtiva e seus processos é obrigatório para conhecer os impactos no mundo do trabalho e no dia a dia das fábricas. Os metalúrgicos são uma categoria com atividades econômicas bastante diversas e o segmento eletroeletrônico, por sua vez, é heterogêneo, produz bens de capital, bens intermediários e bens de consumo, seguidor de padrões mundiais e sem competitividade externa, voltado ao mercado doméstico. Em um contexto de esforço de retomada de políticas industriais voltadas ao setor, é urgente abordar os problemas estruturais do segmento para romper o ciclo de dependência externa”, afirmou Renata.
A economista pontua que os produtos eletroeletrônicos têm expressão profunda na balança comercial brasileira. “Em 2022 representaram 17% do total importado. Possuem, portanto, elevado potencial de impactar de forma positiva a balança comercial, caso esse movimento de importações seja interrompido”, complementa.
Além do encontro, realizado no Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, os participantes puderam visitar a planta da empresa Samsung, no Pólo Industrial.