Não são todas as mobilizações populares que cumprem a profecia dos seus defensores mais entusiasmados, que exclamam: “Essa nossa luta vai entrar para a história!”. A transformação do projeto de Hospital Municipal de Sorocaba em lei é um dos casos em que seus militantes constataram, a partir desta terça-feira, dia 26 de março de 2013, estar ajudando a escrever uma parte da história da cidade.
Para melhorar, a história em questão contará um episódio de vitória popular, de comprovação de que a Constituição Brasileira, promulgada em 1988, não mente quando afirma, em seu artigo primeiro: “Todo o poder emana do povo”.
Os defensores do hospital que batalham por ele desde o início da mobilização em torno da proposta, em meados de 2011, não estão envaidecidos pela vitória desta terça. O próprio vereador Izídio de Brito (PT), cuja liderança na campanha pelo hospital e no trâmite do projeto na Câmara é inegável, demonstrou satisfação, mas não vaidade após a derrubada do veto do Paço contra o hospital nesta terça.
Em entrevista à imprensa após a sessão na Câmara, o vereador relacionou três motivos principais, que seguem descritos abaixo, para comemorarmos a derrubada do veto, mas mantermos os pés no chão e o olhar fixo nos novos desafios.
Primeiro, não se trata da vitória deste ou daquele indivíduo, deste ou daquele grupo ou partido. Trata-se de uma vitória coletiva, de um projeto de lei de iniciativa popular. E é principalmente por isso que ela merecerá ficar registrada na história.
Segundo, embora a vitória seja digna de comemoração, ela ainda é parcial. A população toda precisa estar atenta ao cumprimento da lei pelo prefeito, que já deu demonstrações de rejeitar a unidade de saúde de responsabilidade municipal. Lançada a pedra fundamental do hospital, caberá aos munícipes e a seus representantes na Câmara fiscalizar a obra e exigir que ela não pare. Pois a interrupção de quase todos os empreendimentos públicos tem sido a marca da atual administração nestes primeiros meses de governo. Em seguida, caberá a todos nós constante vigilância para que a gestão do hospital seja sempre séria, honesta e de qualidade.
Terceiro motivo, cada cidadão que assinou o projeto de lei, cada líder político, sindical ou comunitário que participou da luta pela aprovação da proposta deverá, a partir de agora, incorporar em si uma nova tarefa: multiplicar o apoio participativo de mais sorocabanos em defesa do hospital, para que todas as etapas do motivo anterior sejam cumpridas com a máxima agilidade e competência, a fim de salvar vidas e melhorar a saúde da população.
A maioria dos órgãos de imprensa da cidade destacou, nas vésperas da votação desta terça, a possível derrubada do veto do prefeito Pannunzio (PSDB) ao hospital como uma derrota do governo. Para nós, porém, a grande notícia é, acima de tudo, a vitória da vontade popular.
Aliás, os discursos de vários vereadores e o parecer da Comissão de Justiça da Câmara em defesa do hospital apontaram para esse objetivo benéfico para a população, e não para o rancor partidário.
Quem esteve presente no plenário ou acompanhou a sessão pela TV Legislativa ou pelo site da Câmara deve ter tido grata surpresa com a qualidade de algumas argumentações. Foi, de fato, um dia exemplar para a cidadania, uma terça-feira cidadã para Sorocaba.