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Ministro do STF

Teori Zavascki citou Temer nas investigações da Lava Jato

O ministro do STF, Teori Zavascki, vítima fatal em acidente de avião nesta quinta-feira, dia 19, havia citado o presidente Michel Temer (PMDB) em investigações da Operação Lava Jato

Imprensa SMetal
Pedro Ladeira

O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que morreu ontem em um acidente de avião em Paraty (RJ), juntamente com outras quatro pessoas, havia citado o presidente Michel Temer nas investigações poucos meses atrás.

Segundo a denúncia, Temer faria parte de um grupo de políticos que estaria tentando barrar o avanço da operação Lava Jato, pois as investigações estavam chegando perto demais de pessoas que tentavam tomar o poder no futuro por meio da derrubada da presidente Dilma.

O nome do presidente surgiu durante delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. A delação premiada foi homologada (validada) por Teori em maio de 2016 e contém citações também ao ex-presidente José Sarney, a senadores do PMDB, a políticos do PSDB, inclusive Aécio Neves, PP, PT, DEM e a ex-ministros de Estado, como Romero Jucá, Henrique Eduardo Alves e Ideli Salvatti.

Machado também afirmou na delação que Temer havia pedido doações ilegais para a campanha da Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012.

Propina
Também em maio do ano passado, o ministro Teori havia mencionado Michel Temer em uma liminar que determinou o afastamento do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB). Temer teria recebido R$ 5 milhões de propina, quando era vice-presidente, para articular apoio a Cunha.

Em setembro de 2016, o ministro do STF autorizou as investigações das pessoas citadas por Machado e fatiou o processo para que cada denúncia fosse apurada em mais detalhes.

Para março deste ano estava prevista a homologação de mais delações da Odebrecht pelo ministro Teori.

Ameaças à família
Em junho, o filho do ministro, Francisco Zavascki, havia divulgado nas redes sociais a existência de ameaças à sua família. “É obvio que há movimentos dos mais variados tipos para frear a Lava Jato. Penso que é até infantil imaginar que não há, isto é que criminosos do pior tipo, (conforme o MPF afirma), simplesmente resolveram se submeter à lei. Acredito que a lei e as instituições vão vencer, porém, alerto: se algo acontecer com alguém da minha família, você já sabem onde procurar…! Fica o recado!”, escreveu Francisco no Facebook.

Logo em seguida, o próprio Teori confirmou à imprensa a existência dessas ameaças. Mas afirmou que não via seriedade nelas.

Com a morte de Teori, existe a possibilidade do próprio presidente Temer nomear o novo relator da Lava Jato no STF.

Pedido de investigação
“A correlação entre o avanço da Lava Jato sobre representantes da direita, a atuação firme do relator nesse sentido e a morte não natural dele no curso das investigações têm gerado fortes debates nas redes sociais”, ressalta o secretário-geral do SMetal, Leandro Soares.

“É claro que não podemos confiar de imediato em teorias de conspiração. Mas as investigações sobre a queda do avião também não podem descartar a hipótese de crime. Diante dos fatos que existem, se essa possibilidade for descartada de imediato pelas autoridades, a população terá o direito de passar a suspeitar mais ainda do ocorrido”, avalia Leandro.

Além de Teori, 68 anos, estavam no avião bimotor PR-SOM o piloto, Osmar Rodrigues, 56 anos; o empresário Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, do Grupo Emiliano; 69; Maira Lidiane Panas, 23; e a mãe dela, Maria Ilda Panas, 55. Maira era massoterapeuta e prestava serviço ao empresário, que fazia tratamento no ciático.

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