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Direitos Humanos

SUS amplia atendimento básico à população em situação de rua

Equipamento do Sistema Único de Saúde (SUS) conta com 101 equipes em todo o país para atendimento multissetorial de cidadãos em extrema vulnerabilidade

Rede Brasil Atual
MARCOS SANTOS / IMAGENS USP

O Consultório na Rua é o braço móvel do SUS para atender pessoas em situação de vulnerabilidade social

São Paulo – A proposta do Sistema Único de Saúde (SUS) que leva à população de rua atenção básica e psicossocial no próprio local, foi tema da edição de ontem (24) do Sintonia SUS, programa semanal da Rádio Brasil Atual que trata e debate políticas de saúde pública.

As chamadas equipes de Consultório na Rua (eCR) promovem cuidado e protagonismo para cidadãos em situação de extrema exclusão dentro das cidades que habitam. Lucina Toni, doutoranda em saúde coletiva e coordenadora do grupo de Saúde Mental do SUS, em Sorocaba (interior paulista), explicou à rádio que o programa a população em situação de rua muitas vezes não se identifica nem mesmo com o direito universal de acesso à saúde. Segundo a especialista, o atendimento das eCRs começa por esta conscientização.

Em Campinas (também no interior de São Paulo), por exemplo, desde setembro de 2012 um automóvel Kombi circula pela cidade levando os profissionais de saúde. Desde então, a unidade itinerante já faz cerca de mil atendimentos por mês para mais de 150 pessoas em situação de rua. Alcoolismo, dependência química, doenças como diabetes, tuberculose e transtornos mentais são algumas das demandas mais frequentes.

O cuidado vai além do tratamento da doença. O trabalho do Consultório na Rua também precisa envolver outras secretarias, como Trabalho, Renda, Habitação, temas que são algumas das causas que levam as pessoas pra rua.

“A intersetorialidade ainda é algo a ser construído, mas já temos algumas experiências exitosas”, relata Luciana. “Esse profissional que se aproxima desse sujeito que não tem documento, não tem alguma outra forma de identificação e de acesso a outras políticas precisa construir com os outros atores das demais secretarias de Saúde essa possibilidade”. Ela explicou ainda que a falta de documentos desses cidadãos não pode ser uma barreira ao acesso ao atendimento básico, mas que também é preciso buscar que as pessoas se interessem por regularizar seus registros civis, de forma a reduzir as situações de constrangimento e vulnerabilidade.

Direito de todos

O acesso das pessoas em situação de rua é o mesmo que das demais pessoas, teoricamente, afirma Luciana. “Esse princípio de universalidade pressupõe que o SUS é um sistema de acesso a todos os cidadãos brasileiros.”

A coordenadora também falou sobre a importância do programa para as cidades. “Se a gente reproduz uma lógica de segregação, de classificação e de reconhecimento da cidadania só pra alguns, em algum momento isso também pode ser colocado em xeque pra nós, pros nossos.”

As equipes do Consultório na Rua contam ainda com um agente social, que é uma pessoa que já esteve em situação de rua e, por isso, traz uma contribuição essencial, principalmente no diálogo entre os profissionais e os pacientes. “Ajuda com que a gente faça uma mediação mais clara de quais são de fato as necessidades do sujeito e como o profissional pode apoiá-lo”, explica Luciana.

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