A sorocabana Priscilla Stevaux Carnaval, 22 anos, representará o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro na modalidade BMX (bicicross). O anúncio foi feito na última sexta-feira, dia 3, pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC).
Ela disputava vaga com a também sorocabana Bianca Quinalha, que será suplente de Priscilla nas Olimpíadas. No masculino, o atleta Renato Rezende conquistou a vaga para representar o País na competição, tendo como suplente Anderson Ezequiel.
As etapas de BMX nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro acontecem entre os dias 17 e 19 de agosto.
Reportagem
Em julho de 2015, a 3ª edição revista Ponto de Fusão, do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), trouxe uma reportagem com a história das sorocabanas e o sonho de ambas de representar o país nas Olimpíadas. A publicação conta ainda sobre a criação do Clube Sorocabano de Bicicross, que também revelou outros atletas da cidade, como Ricardo Perez, Mayara Perez e Robinson Palomar.
Confira abaixo a íntegra da reportagem:
Sorocaba no Bicicross Mundial
Integrantes da Seleção Brasileira de BMX, jovens atletas sorocabanas, Bianca Quinalha e Priscilla Stevaux, compartilham o sonho de participarem das Olimpíadas do Rio de Janeiro, 2016.
Da pista do Clube Sorocabano de Bicicross para o mundo. Assim tem sido a vida de alguns atletas da cidade dedicadas ao esporte. As jovens Bianca Quinalha e Priscilla Stevaux, ambas de 21 anos, são exemplos de destaque pouco comentadas nas vias tradicionais de comunicação. Atletas de BMX – sigla para Bicycle MotoCross, como a modalidade é mundialmente conhecida – atualmente integram a Seleção Brasileira e buscam o mesmo sonho: representar o país nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016.
As duas iniciaram no esporte muito cedo por influência de familiares. Bianca começou a praticar aos 5 anos e teve como inspiração o seu pai, o expiloto Robinson Quinalha, primeiro a levantar a taça de campeão na pista de bicicross de Sorocaba. A partir daí, a atleta tem se destacado e já foi duas vezes campeã mundial e brasileira de BMX na categoria Elite Woman.
Já Priscilla se espelhou no irmão mais velho, Douglas, aos 7 anos. “Ao passar na frente da pista de BMX, meu irmão se interessou e começou a praticar o esporte. Então logo iniciei também, mas acabei me apaixonando e, o que era brincadeira, se tornou um sonho olímpico”. Além de diversos títulos nacionais e internacionais, a sorocabana é atual campeã brasileira também na categoria Elite Woman.
Com apoio da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) e da Caixa Econômica Federal, patrocinadora oficial da modalidade, hoje os atletas da Seleção Brasileira de BMX estão treinando em Chula Vista, Califórnia (EUA), para disputarem campeonatos internacionais. “É um grande diferencial poder treinar no Centro Olímpico Americano, onde estão duas das melhores pistas de Supercross do mundo, que são de formato olímpico”, conta Priscilla Stevaux.
Esporte olímpico desde 2008, o Brasil possui apenas uma vaga garantida nas Olimpíadas em 2016, mas o número pode chegar a três. A escolha da representante brasileira se dará pelos resultados das atletas no Campeonato Mundial e nas disputas do ano olímpico.
Assim nasceu o Clube Sorocabano de Bicicross
Além de Bianca e Priscilla, o Clube Sorocabano de Bicicross já revelou diversos atletas desde sua criação, em 1988. Por iniciativa de Cida Comitre, atual presidente do clube e que na época era Secretária Municipal de Esporte, a construção da pista foi incluída junto ao projeto do Centro Esportivo “André Matiello”, no bairro Pinheiros.
Cida conta que a luta pela pista iniciou em 1986, quando seu filho, o ex-piloto de Bicicross Ricardo Comitre Perez, começou a praticar a modalidade junto com outros meninos pelas ruas de Sorocaba. A partir daí, iniciou a busca por parcerias para a construção de um local próprio para a prática do esporte, o que se concretizou dois anos depois.
Desde então, Sorocaba virou um “celeiro de atletas”, afirma Cida. “Infelizmente, nós não temos muitas condições financeiras para mantê-los aqui. Quando um piloto chega ao nível de Seleção Brasileira, ele precisa de estrutura para poder competir. Por isso, no Clube Sorocabano, trabalhamos mais com a iniciação no esporte”, explica.
Hoje Bianca e Priscilla integram o Clube de Ciclismo de São José dos Campos, no qual têm recebido apoio para o crescimento no esporte.
Ricardo Perez, Mayara Perez (fi lho e neta de Cida Comitre) e Robinson Palomar são outros nomes que também se destacaram no bicicross em Sorocaba.
Infraestrutura
Hoje a maior dificuldade para a prática do bicicross em Sorocaba é a falta de infraestrutura. Segundo a presidente do clube, a pista necessita de algumas modificações para voltar a receber grandes campeonatos, além da construção de banheiros, bebedouros, sala do professor e almoxarifado.
Em fevereiro deste ano, a Prefeitura de Sorocaba abriu licitação para a contratação de uma empresa que elabore o projeto da adequação da pista, conforme o circuito oficial olímpico, mas até o fechamento desta edição, não havia interessados aptos para o processo.
Integrar pelo Esporte
Além de administrar a pista, o Clube Sorocabano de Bicicross também possui um projeto social chamado “Integrar pelo Esporte”, que disponibiliza bicicletas e professores para a iniciação de crianças carentes no esporte.
Nele, crianças de 4 a 14 anos, a partir de parcerias com escolas e entidades, têm a oportunidade de conhecer e praticar o BMX. Inclusive crianças especiais.
Para participar dos treinos, que ocorrem de terça a sexta nos períodos da manhã e tarde, as crianças devem levar atestado médico mostrando que estão aptos a prática de esportes e manter um bom aproveitamento escolar.
O Clube Sorocabano de Bicicross fica na Rua Padre Lara de Moraes, 217, bairro Pinheiros, à margem direita do Rio Sorocaba.