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Sorocaba: Setor metalúrgico tem reação nos primeiros meses de 2021

Dados organizados pelo Dieese mostram reação na base do Sindicato; ações do SMetal repercutiram na economia e, agora, novas lutas surgem na fase mais crítica da pandemia da Covid-19

Imprensa SMetal
Secom Sorocaba
Sorocaba conta com 37 mil trabalhadores metalúrgicos que, com sua força de trabalho, contribuem na movimentação da economia local e regional

Sorocaba conta com 37 mil trabalhadores metalúrgicos que, com sua força de trabalho, contribuem na movimentação da economia local e regional

Entre fevereiro e junho de 2020, a base do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) registrou o fechamento de 1407 postos de trabalho. Apesar de toda luta e atuação, se tratava, à época do período mais difícil da pandemia (na primeira onda) e muito disso foi refletido na economia do país e das cidades que compõem a base do SMetal. A partir de julho de 2020, com a diminuição de casos de Covid-19 e óbitos pela doença, o segmento voltou a contratar em Sorocaba e região. Agora, a categoria soma nove meses consecutivos com saldos positivos, totalizando a abertura 3263 postos de trabalho.

Os números, organizados mensalmente pela subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) dos Metalúrgicos de Sorocaba, mostram ainda que, em março de 2021, foi registrada a abertura de 485 postos de trabalho. Para isso, foram contratados 1291 trabalhadores, enquanto 806 foram desligados.

Esses frutos são colheitas de ações passadas. Em 2019, por exemplo, o Sindicato defendeu e criou condições, via negociação coletiva, para a vinda da plataforma global da Toyota – a TNGA – que possibilita a fabricação de produtos já conhecidos (como o Yaris e o Etios), além de expandir o leque para o novo veículo da montadora, que será exportado para 22 países da América Latina e Caribe.

Foram mais de R$1 bilhão investidos na planta de Sorocaba, garantindo a manutenção dos postos já existentes e possibilitando a contratação de novos trabalhadores e trabalhadoras. Não somente em uma única empresa já que as chamadas “sistemistas”, que produzem sob a demanda da Toyota, também se mantiveram ativas e se beneficiaram dos investimentos.

Na esteira do segmento auto, as empresas locais, principalmente de autopeças, aumentaram suas exportações e vivem um bom momento, impulsionado pela produção de caminhões no país. Esse fator também repercute positivamente na produção de máquinas agrícolas e rodoviárias.

Além de buscar a geração de novos postos, a luta por benefícios e direitos também influenciou nos avanços econômicos. Estima-se que, no ano passado, os acordos do Programa de Participação nos Resultados (PPR) dos metalúrgicos injetaram até R$ 138,6 milhões na economia local, segundo o Dieese. As 72 negociações realizadas pelo Sindicato, contribuíram para uma melhor distribuição de renda e fortalecimento do comércio local e regional.

“O dinheiro que foi colocado direto no bolso do trabalhador é o mesmo que movimenta e aquece a economia local. A luta pela categoria é benéfica para inúmeras pessoas desde o metalúrgico, que recebe seu PPR, até os comércios, bens e serviços para os quais ele destina seus recursos”, explica o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Leandro Soares.

Outros fatores tiveram impacto

O auxílio emergencial pago em 2020 também ajudou na reação econômica. Apesar de algumas pessoas e, até mesmo governantes, falarem do benefício como sendo uma “assistência” de mão única, é importante ressaltar que esse recurso ajudou a movimentar a economia brasileira. “Além de dar condições para que as pessoas passassem por esse período de pandemia da Covid-19, o auxílio inseriu milhares de brasileiros a uma condição de acesso ao mercado de consumo que há tempos não desfrutava. Esse fenômeno provoca um efeito dominó que repercute em toda a economia”, comenta o economista Fernando Lima, do Dieese.

Foi por meio dos R$600,00 que muitas famílias puderam comer, vestir a pagar os seus aluguéis. Por isso, o SMetal defende o pagamento do auxílio emergencial enquanto durar a pandemia. “Os dados mostram que sem essa assistência, veríamos uma situação muito mais alarmante do que já existe no país. É mais do que necessário defendermos o auxílio para as famílias, mas com valores justos que permitam que as pessoas façam mais do que apenas sobreviver”, comenta o secretário de administração e finanças do SMetal, Tiago Almeida do Nascimento.

A fala de Tiago recorda que o novo auxílio emergencial será menor e vai beneficiar menos pessoas. Os valores, que estão bem abaixo do original que foi pago em 2020, vão de R$150 a R$375 a depender do perfil do beneficiado e estão sendo pagos aos brasileiros cadastrados.

É preciso atenção, cautela e muita luta

“Apesar do mercado de trabalho dos metalúrgicos ter mostrado reação nos últimos meses, ainda estamos longe do melhor momento vivido pela categoria. Em 2014, a categoria chegou a registrar 46 mil trabalhadores. Atualmente a estimativa é de que a categoria conte com 37 mil metalúrgicos”, ressalta Fernando Lima. É importante recordar que, segundo o Dieese, não foram registrados fechamento de postos de trabalho em massa na base do SMetal no decorrer do mês de março de 2021.

O secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira, comenta que as mudanças vivenciadas no período pandêmico fizeram com que as empresas se aproveitassem do cenário de medo e incertezas dos trabalhadores. Na visão dele, o lucro permaneceu sendo contabilizado e o acumulo de capital pelas indústrias seguiu, independentemente da crise sanitária. “Quando o sindicato buscou possibilidades de “parar” esse ciclo para preservar vidas, a resposta foi negativa, pois, segundo as empresas, a contaminação não se dá no ambiente de trabalho (mentira) [sic] e que a demanda precisa ser atendida. Sendo assim, o Sindicato não medirá esforços para garantir boas negociações e recuperar aquilo que o trabalhador abriu mão para sobreviver neste cenário caótico. Vamos juntos buscar parte desse acúmulo relativo que o empresário colocou no bolso”, assegura.

Acordos garantiram saúde, emprego e renda

Outro ponto que evitou, ainda em 2020, que demissões em massa fossem registradas na base, foi a atuação do Sindicato por meio dos acordos de suspensão de contrato e redução de jornada. Ao todo, foram mais de 115 acordos que beneficiaram, pelo menos, 12 mil metalúrgicos e metalúrgicas nas empresas da base.

Para Leandro Soares, as negociações do Sindicato preservaram a renda, sem deixar a vida de lado. “Temos visto desde do início da pandemia uma tentativa de rivalizar a vida e as questões econômicas. Para nós, sempre foi claro que sem os trabalhadores vivos, posteriormente, a empresa não terá como operar suas máquinas e/ou produzir. Nossa prerrogativa é a defesa da vida, mantendo emprego e renda”, justifica.

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