A cidade de Sorocaba gerou quase dois mil empregos no mês de fevereiro, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, divulgados nesta semana, um crescimento de 0,98% em relação ao mês anterior. Ao todo, 1.948 postos de trabalho foram criados, sendo que 1.031 no setor da Indústria e 944 no setor de Serviços. O saldo de empregos de fevereiro é quase 10 vezes superior ao registrado em janeiro deste ano, quando 204 trabalhos formais haviam sido criados, e coloca Sorocaba em 5º lugar na geração de empregos no Estado de São Paulo. Os números superam também o mês de fevereiro de 2013, quando o saldo foi de 592 carteiras assinadas a mais.
No primeiro bimestre de 2014, o setor industrial gerou 1.790 novos postos de trabalho com carteira assinada. Já no setor de Serviços, são 1.018 trabalhadores a mais. O comércio, embora tenha inserido 23 empregados em fevereiro, tem saldo negativo de 471 empregos na soma dos dois primeiros meses deste ano. O setor de construção civil também registra queda na geração de emprego, com 162 trabalhadores a menos no acumulado de 2014. A agropecuária fecha os setores que tiveram perde de postos de trabalho, com 48 carteiras assinadas a menos no ano.
Para o economista e professor da Universidade de Sorocaba (Uniso), Adilson Rocha, a retomada das atividades locais explica os números positivos. “No meu ponto de vista, na nossa região houve o crescimento devido a volta das férias coletivas nas empresas em janeiro a fevereiro e o retorno às aulas, aquecendo o setor de serviços”, diz. Ele acrescenta que “os shoppings inaugurados também estão aquecendo o mercado de trabalho.”
Indústria
O diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) em Sorocaba, Erly Domingues de Syllos, afirma que o resultado positivo na geração de empregos no setor se deve a todo o trabalho desempenhado pelo poder público e pelo Ciesp nos últimos anos. “Eu acho que é fruto de todo um trabalho; Sorocaba mudou o patamar de emprego nos últimos anos”, diz.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, Ademilson Terto da Silva, também comemora a notícia positiva. “É positiva principalmente para nossa categoria; está aumentando a qualidade dos empregos também”, conta. Segundo ele, o Parque Tecnológica de Sorocaba tem atraído muitas empresas para a cidade. “As empresas estão vendo Sorocaba como uma oportunidade para se fazer negócios.”
Erly também acredita que o bom momento vivido pela cidade incide cada vez mais em notícias positivas. “A gente fala que Sorocaba está se tornando um Vale do Silício neste sentido”, destaca, em alusão à região do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, em que ocorre grande geração de inovações tecnológicas. “Tudo isso converge para um lado positivo: emprego em tecnologia, com maior remuneração”, diz.
Para o presidente do sindicato dos trabalhadores, ainda que Sorocaba não pratique os mesmos salários de São Bernardo do Campo (mais antigo polo industrial do País), a situação está melhorando. “Estamos nos mesmos patamares de outras cidades, como Campinas e Indaiatuba, com salários compatíveis”, comenta. “E outra coisa é a qualificação dos trabalhadores da categoria, que já estão cursando o ensino superior”, acrescenta Terto.
Na contramão
“Sorocaba está na contramão positiva do resto do País, isso ocorre já há alguns anos”, afirma o diretor do Ciesp, Erly Syllos. Isso é demonstrado, segundo ele, pela maior geração de empregos no setor industrial na comparação com o setor de serviços na cidade. Enquanto em todo o país, 143.345 postos de trabalho criados são de Serviços, 51.951 são da Indústria. Em Sorocaba, é a indústria que puxa a geração de emprego. “O setor industrial representa dois terços da economia de Sorocaba e alimenta os outros setores, como serviços, comércio, com novos shoppings, além de ser alicerce da região”, explica Erly.
De acordo com ele, o desenvolvimento econômico de Sorocaba tem reflexos sobre a região, o que acarreta na vinda de novos empregos para cidades como Boituva e Votorantim. “Sorocaba não é uma ilha. No Ciesp, vamos a toda a região e isso surtiu efeito; as empresas vem para cá ou as que estão aqui trazem novas linhas”, comenta. Mas, alerta Erly, “é possível que esse resultado não continue.” “Se formos ver o restante do país, com a taxa Selic em alta e o PIB (Produto Interno Bruto) em baixa, chega um momento em que o país fica asfixiado. Isso pode refletir em Sorocaba no futuro”, afirma.