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Sorocaba é a 26ª do país em acidentes de trabalho

Foram cerca de 15 mil acidentes de trabalho entre 2012 e 2016, segundo dados do Observatório Digital do Ministério Público do Trabalho. Neste ano o INSS pagou, até agora, R$ 3,5 mi aos beneficiários

Cruzeiro do Sul
Aldo V. Silva/Arquivo JCS
Construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho.

Construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho.

Ranqueada como a 26ª cidade do país com maior número de notificações de registros de acidente do trabalho (foram cerca de 15 mil no período entre 2012 e 2016, segundo dados do Observatório Digital do Ministério Público do Trabalho), Sorocaba não tem exatamente o que comemorar hoje, Dia Nacional de Prevenção dessa modalidade de ocorrência.

Segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), entre janeiro e dezembro de 2016, foram concedidos na cidade 1.112 auxílios-doença por acidente de trabalho; nos seis primeiros meses deste ano, o total foi de 545. No ano passado, o INSS pagou R$ 4 milhões aos beneficiários; neste, o montante foi, até agora, de R$ 3,5 milhões.

As estatísticas são alarmantes, pondera o técnico em segurança e professor Cláudio Roberto Pereira, titular da Sete QS que, em parceria com a Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens), promoveu no domingo (27), na sede da unidade, a 2ª edição do Simpósio Segurança do Trabalho. No Estado, a cidade está colocada em 11º lugar.

“É muito grave constatar que entre mais de 5 mil municípios, muitos de porte até maior, estejamos nessa nada honrosa classificação. O momento exige reflexão, tomada de consciência, vontade e disposição para que o quadro comece a mudar.”

Ainda conforme o estudo, no mesmo período, foram concedidos no município 5,1 mil benefícios de auxílio-doença pagos a trabalhadores que se lesionaram em serviço. O impacto previdenciário financeiro estimado com as concessões foi de R$ 44,3 milhões. O mapeamento revelou ainda que os afastamentos por conta dos acidentes na cidade resultaram na perda de 734 mil dias de trabalho. Isto porque o trabalhador, ao se acidentar, permanece um período sob tratamento médico para retornar tão logo seja considerado apto clinicamente.

O evento que aconteceu no domingo foi voltado aos profissionais de recursos humanos, técnicos, engenheiros de segurança (formados ou em formação), empresários e demais interessados na área de prevenção de acidentes, e tinha como principal objetivo aprimorar e debater questões relacionadas ao controle de riscos no ambiente de trabalho.

Durante a atividade, foram apresentadas aos participantes algumas ferramentas de coaching aplicadas ao processo de treinamento e realidade em 3D para contato sem exposição do trabalhador. “Queremos promover um movimento de sinergia de pessoas envolvidas no campo de prevenção de acidentes do trabalho, demonstrando que ferramentas voltadas ao desenvolvimento humano, se bem aplicadas, podem mudar o comportamento individual e assim, melhorar o desempenho das empresas.”

Descumprimento

Pereira aponta como fatores determinantes para o aumento de acidentes entre trabalhadores o descumprimento de normas técnicas e o desconhecimento do assunto entre quem deveria observá-las. Mesmo com uma legislação rigorosa em que se destacam mais de 30 normas regulamentadoras, as chamadas “NRs”, a falta de fiscalização e do cumprimento das mesmas coloca o Brasil na quarta posição mundial em acidentes de trabalho, atrás apenas de China, Índia e Indonésia.

Pereira diz que para os índices melhorarem é necessário obter uma participação ativa dos gestores das empresas, transformando a segurança do trabalho em um “valor” para a instituição. “É preciso realizar controles e acompanhamentos diários em sua rotina de trabalho, transformando oportunidade de melhorias em realizações efetivas para garantir a segurança do colaborador. O trabalhador não pode ser encarado como parte do processo produtivo, mas como pessoa”.

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