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SMetal propõe lockdown em empresas da base para salvar vidas

Sindicato vai pautar fábricas para concessão de medidas que permitam o trabalhador ficar seguro em casa no momento mais crítico da pandemia; atitude busca também a preservação do emprego e renda

Imprensa SMetal
Zaqueu Proença / Secom Sorocaba
Medida abrange empresas metalúrgicas de Sorocaba e região

Medida abrange empresas metalúrgicas de Sorocaba e região

O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) vai pautar as empresas da base para uma espécie de lockdown como medida para salvar vidas. A deliberação da entidade acontece no momento em que o Brasil atinge a situação mais crítica da pandemia da Covid-19 (LEIA A NOTA OFICIAL).

O país caminha para a marca de 300 mil mortos, com média móvel acima de 2 mil óbitos por dia. Somente em Sorocaba, mais de 920 pessoas perderam a vida na luta contra a doença, desde o início da pandemia. Apenas março de 2021, mais de 160 mortes foram registradas na cidade. Além disso, os hospitais públicos e privados de Sorocaba apresentam 100% (ou próximo disso) na taxa de ocupação dos leitos clínicos e UTIs.

Na pauta, que está sendo enviadas para as empresas de Sorocaba e região, o SMetal propõe a adoção de medidas como férias coletivas; compensação de dias; banco de horas e banco de dias.

O presidente do Sindicato, Leandro Soares, enfatiza que o momento é crítico e que medidas precisam ser tomadas. “Precisamos parar com o discurso da vida versus economia. Não existe economia sem pessoas. E por isso, garantir que os metalúrgicos estejam seguros em casa é o caminho ideal a ser tomado nesse momento”.

Ele ressalta ainda que o número de mortos e doentes tem crescido nas empresas da base. “Toda semana recebemos a notícia da morte de trabalhadores metalúrgicos. São pais e mães de família, seres humanos com uma história que perdem a vida por conta da irresponsabilidade dos governantes com a situação. Não podemos permitir que isso continue dessa maneira”.

Medidas surtiram efeito ano passado

Leandro lembra que no início da pandemia, em março do ano passado, o SMetal negociou as mesmas medidas que as buscadas agora. “Colocamos milhares de trabalhadores em casa, garantindo que eles e suas famílias estivessem livres de uma possível contaminação pelo coronavírus. Dessa forma, contribuímos para salvar vidas e, ao mesmo tempo, mantivemos o emprego e a renda da categoria”.

Para o secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira, o lockdown vem sendo defendido como a única alternativa para o atual cenário. “Os especialistas da saúde já falaram há tempos que somente o fechamento de tudo pode salvar vidas. Agora, os economistas concordam que uma paralisação mais ampla é o caminho para garantir a saúde das pessoas e minimizar as perdas econômicas”.

Ele ressalta que os empresários não terão prejuízo com adoção de medidas para deixar o trabalhar em casa. “Nada sai do bolso do patrão. Férias, banco de horas, banco de dias, tudo isso são direitos duramente conquistados pelos trabalhadores e, adotar um ou outro nesse momento, é uma antecipação que vai tirar milhares de pessoas de circulação, contribuindo significativamente para diminuir o número de mortos e desafogar o sistema de saúde”.

Vidas acima de tudo

Izidio de Brito, secretário de organização do Sindicato, lembra que as vidas perdidas não podem serem tratadas como números. “Todos nós perdemos entes ou amigos queridos, como o nosso companheiro (Carlos Roberto de) Gaspari e dezenas de trabalhadores metalúrgicos. Se não tomarmos uma atitude agora, iremos assistir mais mortes”.

Ele enfatiza que o colapso na saúde já é uma realidade. “Não importa se você vai para o hospital público ou privado, não tem vaga. Leitos e UTIs estão lotados, pessoas estão na fila para conseguir um lugar e ter o tratamento adequado. Em Sorocaba, muitos já estão morrendo nas suas casas e estamos na eminência de não termos oxigênio e nem remédios para tratar os pacientes da Covid-19”.

Leandro completa que é preciso agir para evitar que a situação se agrave ainda mais. “Estamos falando dos nossos pais, avós, filhos e amigos. São essas pessoas que vamos assistir morrendo em casa ou agonizando nos hospitais sem oxigênio, sem remédio. Não podemos ficar de braços cruzados esperando o caos completo se concretizar. Por isso, trabalhar para salvar vidas, não apenas dos trabalhadores metalúrgicos, mas também da nossa cidade e da região é um compromisso desse Sindicato”.

Izídio também aponta que somente a vacinação em massa pode tirar o país dessa situação. “Por conta de uma política genocida, estamos atrasados e só vacinamos 5,80% da população brasileira. Isso é muito pouco. Os governantes precisam agilizar a compra de dose e garantir uma campanha nacional de imunização para que saiamos dessa crise e possamos retomar o crescimento”.

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