Na madrugada desta quinta-feira, 02, os dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) estiveram na porta da White Martins para conversar com os metalúrgicos a respeito de um novo acidente na empresa. Os sindicalistas explicaram os últimos acontecimentos e informaram que o Sindicato irá acompanhar de perto, além de acionar o Ministério Público do Trabalho (MPT) para investigação minuciosa do caso.
Sem abrir um Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) ou informar diretamente ao Sindicato por meio de seus representantes, a White Martins tentou omitir que um trabalhador, que atua em uma prestadora de serviço chamada CPC, sofreu um acidente laboral, quando uma calota de 690 quilos atingiu sua perna durante o expediente. Diante disso, os representantes do Sindicato pressionaram a empresa durante a assembleia.
Até o momento, sabe-se que o metalúrgico em questão passa bem e terá todo o suporte do departamento jurídico da entidade para o que for necessário. Um outro trabalhador, no entanto, não teve o mesmo destino. Em outubro de 2021, um jovem de 29 anos foi atingido por um tubo de grande porte e não resistiu aos ferimentos — tendo a vida interrompida por uma falha de segurança da própria fábrica como mostrou o relatório da auditoria da Gerência Regional do Trabalho.
“Um trabalhador não pode sair de casa para conquistar o seu sustento e voltar dentro de um caixão. É inadmissível que esse tempo de acidente, motivado por irregularidades no ambiente de trabalho, faça mais uma vítima nesse espaço. Trabalhador bom, é trabalhador vivo! E por isso estamos aqui para mostrar nossa indignação com essa situação”, reforça Alessandro Marcelo Nunes (Marcelinho), dirigente sindical responsável pelas negociações com a White.
Agora, com a ajuda de Izídio de Brito, secretário de organização do SMetal e membro do Conselho Municipal da Saúde, o Sindicato irá buscar o Ministério Público do Trabalho e o Centro de Referência à Saúde do Trabalhador de Sorocaba (Cerest) com a finalidade de auditar este segundo acidente. “É necessário investigar e gerar um relatório para que possamos tomar as medidas cabíveis. Ao que tudo indica, o ambiente de trabalho na White Martins pode ser propício para novos acidentes e precisamos prevenir isso”, afirma Izídio.
Contato interrompido
Além desse assunto, Marcelinho aproveitou para informar que o diálogo com os diretores da fábrica tem sido cada dia mais difícil. O dirigente comenta que, antes de algumas reivindicações, parecia que uma boa relação seria firmada entre os representes dos trabalhadores e os patrões.
“No entanto, a partir do momento que começamos a solicitar as demandas da categoria, a coisa mudou de figura. Hoje não somos sequer atendidos por telefone. Como iremos negociar o PPR, a equiparação salarial e reajuste no VA dessa forma?”, questiona o sindicalista, que não descarta o início de uma paralisação no local.
O Programa de Participação nos Resultados (PPR) de 2022, a equiparação salarial, além do reajuste no Vale Alimentação são as próximas pautas a serem negociadas entre o SMetal e a fábrica. Mais notícias serão atualizadas no Portal SMetal.
CPC
A empresa terceirizada CPC, que presta serviços dentro da White Martins, também foi pauta da assembleia realizada nesta quinta-feira. Isso porque a empresa estava realizando os pagamentos de salários no 5º dia útil, ação que vai contra os princípios da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). O documento prevê que os metalúrgicos recebam seus salários todo dia 5 e, quando este cair em um final de semana, deve haver antecipação.
Porém, o que estava acontecendo com os funcionários da terceirizada não ia ao encontro da Convenção. Logo após a assembleia, o responsável pela prestadora de serviços entrou em contato com o Sindicato e se comprometeu a seguir as condições previstas na CCT.