As ruas de Sorocaba foram tomadas por uma manifestação organizada por movimentos sociais, populares, sindicais e políticos pela redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários, que contou com a participação de diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), na última sexta-feira, 15.
O fim da jornada 6×1, pauta central da manifestação, que também foi organizada em outras cidades brasileiras, foi tema de discussão nas redes sociais nas últimas semanas, com o apelo de diversas pessoas que trabalham seis dias na semana e folgam apenas um.
Diretores do SMetal, como o vice-presidente, Valdeci Henrique da Silva (Verdinho), o secretário de organização, recém vereador eleito de Sorocaba, Izídio de Brito, a dirigente Nazaré Inocência, e o dirigente Marcelo Silva estiveram presentes na mobilização.
O vice-presidente do SMetal, Verdinho, que também é secretário de saúde do trabalhador da CUT-SP, lembra que esta e todas as conquistas de direitos seguintes foram possíveis graças à luta dos trabalhadores, organizados por meio dos sindicatos. “É um debate que sempre esteve na disputa entre os capitalistas e os trabalhadores. É importantíssimo a sociedade se apoderar desse debate. Faz mais de 50 anos que a gente conseguiu reduzir a jornada de 48 horas para 44 horas semanais, em 1988. A CUT sempre esteve nessa batalha e sempre vai estar”, afirma.
O ato “Fim da Escala 6×1” aconteceu em apoio a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que reduz a jornada máxima de trabalho de 44 para 36 horas semanais, de autoria da deputada federal Érika Hilton (Psol-SP). Junto a isso, a parlamentar também propõe a jornada 4×3, sem redução de salário. O projeto recebeu, na quarta-feira, 13, o número necessário de assinaturas para ser protocolado na Câmara dos Deputados. A proposta precisava de 171 assinaturas de apoio, parcela do total de 513 deputados.
Uma luta dos metalúrgicos
O livro ‘Companheiros’, de Carlos Araújo, relata a primeira greve geral da categoria metalúrgica de Sorocaba, sob a liderança do SMetal, em 1985. O que ficou conhecido como ‘Operação Vaca Brava’, pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.
A pauta que completará 40 anos em 2025, segue atual e em tramitação nas casas legislativas brasileiras e teve avanços. Tanto a PEC da deputada federal Érika Hilton (Psol), quanto do deputado federal Reginaldo Lopes (PT), propõe a redução da jornada para 36 horas semanais.
Enquanto a pauta não avança no âmbito legislativo, o SMetal já negociou jornadas de 40 horas em diversas empresas metalúrgicas de sua base. Na última semana, por exemplo, os metalúrgicos da Bandai aprovaram um acordo como este.
São mais de 20 acordos realizados entre o Sindicato e as empresas que permitiram que os metalúrgicos trabalhassem menos de 44 horas por semana, garantindo mais tempo para a qualificação, descanso e lazer.
“Vamos cobrar os deputados federais da nossa região para que votem a favor dos projetos que pautem a redução da jornada”, destaca o presidente do SMetal, Leandro Soares.
Redução da jornada: uma luta histórica dos trabalhadores
O tempo limite diário e semanal que um trabalhador pode ser explorado foi regulamentado apenas nos anos de 1930, quando Getúlio Vargas era presidente, estabelecendo o máximo de 48 horas semanais.
O Diretor de Difusão Conhecimento sobre Segurança e Saúde do Trabalho da Fundação Jorge Duprat (Fundacentro), Remígio Todeschini explica que jornadas extenuantes de trabalho podem gerar problemas do sono, problemas cardiovasculares, problemas psíquicos, como depressão e ansiedade ou também acirrar a diabetes.
“Além de tudo, na medida em que a jornada de trabalho é maior, há mais problemas de acidentes de trabalho. O 6×1 é extenuante e praticamente rompe com a vida social familiar dos trabalhadores”, ressalta o doutor em psicologia social.
Entretanto, com o passar dos anos, não necessariamente as conquistas dos trabalhadores ascenderam em linha reta. Com a reforma trabalhista de 2017, jornadas acima de 44 horas semanais, o permitido pela Constituição Federal, passaram a ser cada vez mais comuns, trazendo à tona esta pauta com maior efervescência nos últimos anos.
Segundo informações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil é o sétimo país com a maior média de tempo trabalhado por semana. Na contramão, em países com a Alemanha, por exemplo, empresas têm testado a jornada 4×3, quando trabalha-se quatro dias e folga-se três.
*Com informações do Portal Porque.