O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) iniciou no sábado, 21, as discussões para a criação do Coletivo de Diversidade, por meio da realização do 1º Encontro de Trabalhadores e Trabalhadoras LGBTQIAPN+. O evento, realizado na sede da entidade, contou com a presença de sindicalistas e ativistas da causa, além de apresentações artísticas.
A iniciativa é promovida em parceria com a comissão organizadora da Parada do Orgulho de Sorocaba. No palco, se apresentaram a cantora Lilian Almeida e a DJ Navi, que também pertencem ao movimento LGBTQIAPN+.
O Coletivo de Diversidade do SMetal deve reunir trabalhadores metalúrgicos que pertencem à sigla. “Dentro da categoria que representamos, há uma diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero, e é essencial que o SMetal reconheça e trabalhe essa realidade. O trabalhador LGBTQIA+ também é parte dessa categoria, e o Sindicato tem a responsabilidade de garantir que ele seja representado com igualdade, respeito e dignidade”, disse o vice-presidente da entidade, Valdeci Henrique da Silva (Verdinho), durante o evento.
O coordenador da Comissão LGBTQIAPN+ dos Metalúrgicos do ABC, Arthur França, esteve presente no encontro e contou sobre a experiência com trabalhadores que pertencem à sigla na base do seu Sindicato. Segundo ele, após inaugurarem a Comissão em junho deste ano, muitos metalúrgicos entraram em contato e se identificaram como pertencentes à sigla. Ainda, se sentiram encorajados a falarem sobre o assunto em seus locais de trabalho.
“Somos o país com o maior índice de assassinatos da população LGBT+, e essa realidade cruel se reflete tanto nas ruas quanto dentro de casa. Enfrentamos a violência cotidiana, e, além disso, sofremos com jornadas exaustivas, salários baixos e trajetos longos, enquanto o medo constante de ser quem somos nos acompanha”, destacou Arthur.
Para Ronaldo Pires, coordenador geral da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Sorocaba, o início das discussões para criação do Coletivo de Diversidade representa uma “histórica mudança” do SMetal. “A primeira cicatriz que muitos de nós carregamos vem de dentro de nossos próprios lares, com pais que expulsam seus filhos por serem gays. E depois, enfrentamos o desafio de um mercado de trabalho que não se abre para essas pessoas. Por isso, a importância de cláusulas sociais que garantam a contratação de pessoas LGBTQIA+ não pode ser subestimada”, afirmou.
Já o secretário de organização licenciado do SMetal, Izídio de Brito, ressaltou a importância da criação de casas de acolhimento para a população LGBTQIAPN+ em Sorocaba. “Não basta apenas falar sobre o assunto, é preciso agir para garantir que todos tenham o direito de viver com dignidade e respeito. E implementar uma Casa de Acolhimento para a população LGBTQIA+ é um passo essencial que não pode mais ser ignorado”, disse.
O evento, intitulado “Diversidade em Foco – 1º Encontro de Trabalhadores e Trabalhadoras LGBTQIAPN+ do SMetal”, deve contar com outras edições nos próximos meses, também abertas ao público externo. Mais informações serão divulgadas em breve nos canais oficiais do Sindicato.
Respeito e oportunidade
Na edição especial de 70 anos da Folha Metalúrgica, publicada em abril deste ano, uma pessoa metalúrgica não-binária e outros membros da comunidade LGBTQIAP+ falaram sobre os desafios da comunidade. O material está disponível no Portal SMetal.
Os trabalhadores que se sentirem discriminados em virtude de sua identidade de gênero ou orientação sexual, podem denunciar ao SMetal por meio do link: smetal.org.br/denuncie