Por iniciativa dos deputados estaduais e ex-sindicalistas Hamilton Pereira e Luiz Claudio Marcolino, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) realizou uma Sessão Solene na manhã segunda-feira, dia 2, em homenagem aos 30 anos de fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A solenidade foi realizada no plenário Juscelino Kubitscheck, o principal da Alesp, e contou com a presença de prefeitos e vereadores de várias cidades do estado bem como dezenas de representantes de sindicatos – de diversos setores – ligados à Central.
O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, destacou a atuação da Central nas últimas três décadas que, segundo ele, ajudou a mudar o país. “Nesses trinta anos a CUT vem sendo instrumento de luta da classe trabalhadora, lutando não apenas por mais democracia e por melhores condições de trabalho, mas, também, pela não retirada de direitos”, afirmou, lembrando que está na ordem do dia da Câmara Federal o projeto 4330, de autoria do deputado Sandro Mabel, que se for aprovado vai legalizar a terceirização.
O deputado federal Vicentinho (PT), que já foi presidente da CUT, também prestigiou a sessão solene em homenagem à CUT, que hoje é a quinta maior central sindical do mundo. “Às vezes eu me pergunto o que seria da nossa classe [trabalhadora] se não fosse a CUT”, comentou, lembrando as várias tentativas de representantes do empresariado de tentar retirar direito dos trabalhadores como a Emenda 3 e agora o PL 4330.
Vicentinho ainda atribuiu à da CUT a conquista de política salarial que, no governo Lula, elevou o salário mínimo de 70 para 300 dólares. Emocionado, o deputado federal também recordou detalhes sobre o nascimento da Central e pediu uma salva de palmas aos companheiros que morreram na luta, como o ativista ambiental Chico Mendes. “A CUT foi fundada sob a égide da luta e da ousadia”, destacou Vicentinho.
Valores da CUT
Ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, o deputado Hamilton Pereira, um dos proponentes da sessão solene, destacou os valores com os quais a CUT foi construída. “Com honestidade, humildade, humanismo e paixão; assim se milita, assim se faz sindicalismo e política”, ressaltou.
Já o líder do PT na Alesp e ex-dirigente do Sindicato dos Bancários, o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino, destacou a importância da CUT na criação de políticas que vieram para garantir não só a legalização da negociação de salários bem como a consolidação de todos os direitos dos trabalhadores. “A CUT, que contribuiu pela democratização das relações entre as classes trabalhadoras e o patrão, ainda tem muito a fazer”, concluiu.
Os deputados estaduais José Zico Prado (PT) e Leci Brandão (PC do B) também participaram da homenagem. Ambos parabenizaram os 30 anos da CUT e deram testemunho sobre a atuação da entidade em defesa da classe trabalhadora. “enquanto houver o trabalhador e o patrão, haverá luta de classes e um papel a ser desempenhado pela CUT”, disse Prado.
Além do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, Ademilson Terto da Silva, e dos vereadores sorocabanos Izídio de Brito (PT) e Francisco França, dezenas de condutores, metalúrgicos da ativa e aposentados de Sorocaba, prestigiaram a solenidade na capital paulista.
A homenagem à CUT contou, ainda, com apresentação musical da cantora sorocabana Mácia Mah e dos músicos João Leopoldo e Marcos Boi. O trio interpretou canções que marcaram a história de resistência e luta da classe trabalhadora nas últimas três décadas.
Assista a cobertura da homenagem na TV SMetal
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História da central
A Central Única dos Trabalhadores foi fundada no dia 28 de agosto de 1983, no antigo teatro Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, em São Paulo, durante o 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (CONCLAT).
Na época, ainda sob o regime militar, a legislação não permitia a existência de centrais sindicais no Brasil. Embora reconhecida, por mais de 20 anos, como interlocutora da classe trabalhadora diante de empresários, poder público e mídia, foi somente em 2007 que a CUT conquistou seu reconhecimento jurídico, juntamente com as demais centrais sindicais, legalizadas pelo então presidente Lula.
Presente em todos os ramos de atividade econômica do país, a CUT é a maior central sindical do Brasil e da América Latina; e a 5ª maior do mundo, com 3.438 sindicatos filiados; 7,5 milhões de sindicalizados e 22 milhões de trabalhadoras e trabalhadores em sua base de atuação.
Os princípios da central são a igualdade e a solidariedade. Os objetivos são organizar, representar e dirigir a luta dos trabalhadores da cidade e do campo, do setor público e privado, ativos e inativos, por melhores condições de vida e de trabalho e por uma sociedade justa e democrática.
Leia alguns depoimentos sobre a CUT na Alesp nesta segunda, dia 2
“Nesses 30 anos, a CUT tem sido instrumento de luta da classe trabalhadora e, com isso, ela tem ajudado a mudar o Brasil”.
Vagner Freitas – presidente nacional da CUT
“Tenho 38 de carreira artística. Agora estou deputada. De 1980 a 1985 fiquei fora da mídia e, nessa hora difícil de sobrevivência, foi a CUT quem me chamou para cantar em atos públicos e manifestações nesse período. Essa valorização da cultura a gente não pode esquecer”
“Também não podemos nos esquecer das lutas que a Central travou nestes anos todos por dignidade, igualdade, justiça e direitos dos trabalhadores. Parabéns a vocês [sindicalistas da CUT] pela contribuição que deram para a Nação Brasileira”
Leci Brandão – cantora/compositora e deputada estadual pelo PCdoB/SP
“A CUT é um projeto. Ela não foi criada como um fim em si mesma. A Central se renova a cada dia, mas mantém alguns valores constantes, como a construção da democracia e as lutas por educação, saúde, transporte e demais direitos da classe trabalhadora”
Sebastião Cardozo – secretário geral da CUT estadual SP
“Peço uma salva de palmas para todos os que morreram construindo ou fortalecendo a CUT, como o Chico Mendes [líder seringueiro e ambientalista assassinado por latifundiários nos anos 80]. Afinal, nossa central foi fundada sob a égide da luta e da ousadia”.
“Respeito todas as centrais, mas a CUT é a única que defende o fim do imposto sindical. A nossa central é a única que mantém o trabalho de base ao mesmo tempo em que defende uma visão classista [de defesa da classe trabalhadora em geral]. Enfim, a CUT faz 30 anos e mantém-se coerente”.
Vicente Paulo da Silva, Vicentinho – deputado federal (PT/SP), ex-metalúrgico do ABC e ex-presidente da CUT [1994 a 2000]
“Já em 1984, logo após sua fundação, a CUT se engajou na campanha pelas Diretas Já [que pedia eleições diretas para Presidente da República]. Depois, na Constituinte de 1988, cumpriu o papel extraordinário de apresentar a pauta dos trabalhadores para o debate. Em seguida, enfrentamos Collor de Mello e, na sequência, o neoliberalismo dos governos seguintes. Então, veio a realização de um sonho: ajudamos a eleger um presidente comprometido com a classe trabalhadora: o Lula. Na sequência, ajudamos a eleger a primeira mulher presidente da República: a companheira Dilma”.
“Vocês hoje estão representando, aqui, os artistas que acompanharam a CUT desde a sua concepção, debaixo de sol e chuva, para levar aos trabalhadores a mensagem de luta por igualdade e justiça social [em referência aos músicos sorocabanos Márcia Mah, Marcos Boi e João Leopoldo, que tocaram durante a sessão solene na Alesp dia 2]”
Hamilton Pereira – deputado estadual (PT) e ex-dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba
“Se o movimento sindical não estiver nas ruas e – ao mesmo tempo – não entender o papel do Parlamento no aprimoramento da democracia, não vamos conseguir avançar nas lutas”
“Quando conseguimos ter um operário governando o Brasil [Lula], nós fizemos a diferença”.
Luiz Cláudio Marcolino – deputado estadual (PT) e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo