A Santa Casa de Sorocaba implantará, a partir da próxima semana, 16 novos leitos de enfermaria para ajudar no atendimento da epidemia de dengue na cidade. Eles se somarão aos atuais 233. A informação foi confirmada pelo secretário da Saúde, Francisco Antônio Fernandes, durante depoimento à CPI da Dengue, na tarde de ontem. De acordo com o secretário, atualmente cerca de 15% dos leitos do hospital têm sido usados por pacientes diagnosticados com dengue.
A Santa Casa é o único hospital da cidade a receber internações de casos de dengue da rede pública. Para o local são encaminhados casos que se encaixam nos chamados grupos C ou D, com sintomas mais graves (alerta ou hemorrágicos). Conforme cita o secretário, uma média de 30 a 35 leitos do hospital são usados diariamente por pacientes com a doença. “Metade deles fica no Pronto Socorro (PS) e são liberados em seis ou oito horas, caso apresentem melhora com a hidratação”, afirma. Outros dez ou 15 pacientes são internados na enfermaria, onde ficam por cerca de 48 horas recebendo tratamento até melhorarem. Normalmente, segundo ele, apenas um caso por dia tem precisado de tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Ainda de acordo com Fernandes, até o momento nenhum paciente com dengue de Sorocaba precisou ser encaminhado para tratamento em outra cidade, por conta de falta de leitos. O secretário conta que a criação do Centro de Monitoramento da Dengue contribuiu para desafogar o atendimento na Santa Casa e que agora os investimentos serão concentrados para evitar que os casos cheguem ao estado grave. “Nós estamos combatendo a dengue em várias etapas: fizemos a conscientização, a remoção de mosquitos e criadouros, implantamos o local para concentrar os casos de dengue. Agora, os novos leitos devem impedir que os sintomas avancem nos pacientes diagnosticados”, destaca.
Os últimos detalhes para a implantação dos novos leitos estavam sendo definidos ontem. A capacidade de ampliação da enfermaria, aponta Francisco, é de 30 novos leitos, mas a secretaria avalia que 16 será um número suficiente para o atual cenário da dengue. No Centro de Monitoramento, que fica atrás da Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Leste, são 30 leitos disponíveis para hidratação, sendo 27 poltronas e três macas, além de uma outra maca disponível para casos emergenciais. Para lá, são encaminhados pacientes que já foram diagnosticados em outras unidades de saúde e que necessitam do acompanhamento da doença. O primeiro atendimento para quem apresentar os sintomas continua sendo nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades Pré-hospitalares (UPHs) e pronto-atendimentos (PSs).
O secretário calcula que uma média de 4 mil pacientes com suspeita de dengue são atendidos diariamente na rede pública de Sorocaba, movimento que representa um aumento de 20% a 30% nas últimas semanas. Além disso, Fernandes estima que as unidades estão com uma sobrecarga de cerca de 20% a mais pacientes que os que comumente procuram pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no município. Isso porque a rede está recebendo muitas pessoas que moram em cidade vizinhas e até que possuem plano de saúde. “Mas esse número é aproximado, pois as pessoas, com receio de não ter o atendimento, omitem essas informações.” A porcentagem representa em torno de 15 mil atendimentos a mais pelas unidades da Prefeitura. O secretário comentou que é papel do serviço público fazer o acolhimento dos doentes sem distinção. “Mas é fato que está havendo essa invasão.”
Preparada
Durante a sessão da CPI da Dengue, os vereadores Waldecir Morelly (PRP) e Wanderley Diogo (PRP) questionaram o secretário se a cidade está preparada para enfrentar essa epidemia. Fernandes disse que não há outra saída a não ser utilizar as unidades já existentes com reforço de atendimento. Sobre os locais específicos para hidratação e monitoramento dos doentes, o secretário afirmou que há espaço disponível, na Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Zona Oeste, caso haja necessidade de implantação de mais leitos.
O último balanço da doença, divulgado na quarta-feira passada, dia 4, apontava um total de 8.693 pacientes diagnosticados com dengue em 2015, com cinco mortes confirmadas. Outros três óbitos aguardavam os resultados dos testes laboratoriais.