Criada em 2006, a Lei Maria da Penha trouxe mecanismos de proteção às mulheres e maior visibilidade a questões de violência doméstica e familiar. Entre esses mecanismos estão os Centros Especializados de Reabilitação do Autor da Violência (CERAV).
Apesar de pouco conhecido, em Sorocaba o serviço funciona desde 2015 e já atendeu mais de 500 homens.
Tatiana Festa, assistente social do CERAV, explica que o programa teve início no Centro de Integração da Mulher (CIM-Mulher), que há 20 anos realiza um trabalho de atendimento a mulheres vítimas de agressão.
Ela conta que, no começo, houve certa resistência ao serviço, “mas o que estamos fazendo é um trabalho de proteção à mulher, porque quando o homem está ‘educado’, consciente, ele não fará isso de novo”.
Reeducação
O atendimento tem duas fases. A primeira é preventiva, quando o homem entra no programa espontaneamente, logo após a denúncia de agressão, antes de passar por julgamento.
Outra fase ou situação é quando, após julgado e condenado, a sentença indica que o agressor seja reeducado e ele então
é encaminhado ao CERAV.
Tratamento
O primeiro passo do tratamento, segundo Tatiana, é conhecer a sua história e fazê-lo refletir. “Em 90% dos casos existe uma repetição de comportamentos de vivências de algum momento da vida, mas eles não notam isso”, conta.
“Depois eles têm o sentimento de injustiça e revolta, porque estão ali a partir de uma medida protetiva e afastados de casa. Mas quando começamos a mostrar onde estão as injustiças, eles passam a entender o que é violência”, comenta. Em 2016, segundo Tatiana, houve apenas 2% de reincidência após o tratamento.
Desconfie de clichês
Segundo Tatiana, com o CERAV foi possível perceber que não há apenas o agressor “comum”, ou “clichê”: de baixa renda, pouca escolaridade e com problemas ligados a alcoolismo ou drogas. “Nós verificamos que há agressores de todas as camadas sociais, profissões e níveis de escolaridade”.