Indignação. Esse deve ser o sentimento de cada trabalhador e trabalhadora neste momento. Duas tragédias ocorreram em menos de 10 dias, duas vidas que se foram de forma brutal, cruel no exercício do trabalho. Não podemos aceitar que além da nossa força de trabalho, deixemos também a nossa vida para ganhar o pão de cada dia.
Não fazemos sensacionalismo, mas clamamos por justiça. Quantos “quase” acidentes ocorrem no interior das fábricas hoje? Quantos saem de casa para o trabalho sabendo que vão enfrentar situações que podem sim causar um acidente, mas por medo do desemprego preferem o silêncio e aceitam tais condições?
A categoria metalúrgica deve sim estar de luto, mas que esse luto se torne luta. Devemos lutar por mais condições de trabalho. Devemos lutar por uma CIPA atuante, que de fato esteja preocupada com a vida de cada trabalhador. Queremos técnicos de segurança comprometidos com a vida dos trabalhadores. Queremos empresas responsáveis por cada um que lá trabalhe, sem distinção de setores, cargos e salários e não somente se preocupe com as metas de produção.
Cada trabalhador e cada trabalhadora hoje deve compreender que a vida deve estar em primeiro lugar. Que aceitar condições degradantes é tornar-se descartável, um número. Somos mais do que isso. Somos homens e mulheres que lutam e que sonham, que desejam para suas famílias o que há de melhor. Somos sujeitos de nossas histórias e não podemos aceitar que essa história seja interrompida por um acidente de trabalho.
A unidade da categoria será determinante para vencermos mais essa batalha. Nos organizar para eleger cipeiros comprometidos, que usem da estabilidade para defender a vida dos companheiros e companheiras nas empresas. Denunciar as condições de trabalho para o sindicato, não aceitar calado. Não permitir que mais pessoas venham a morrer no exercício do trabalho.
Denunciar o que for preciso para defender a vida: seja o ritmo de produção, assédio, pressão, falta de EPIs, falta de treinamento, ser colocado em condições perigosas que possam colocar a sua vida ou a de outros em risco, locais e situações insalubres.
Enfim, toda e qualquer situação que esteja ocorrendo, devemos comunicar de imediato o sindicato. Não faz sentido termos essa ferramenta de luta e não usarmos.
É evidente que o medo do desemprego que assola a nossa categoria desde o golpe e que vem sistematicamente retirando os nossos direitos perturba a todos. Porém, voltar para casa vivo e com saúde deve ser a principal meta da classe trabalhadora.
Que a tristeza e o luto deem lugar para a indignação e para a luta. Que a vida desses companheiros seja honrada por uma conscientização maior dos trabalhadores. Não podemos admitir sequer um arranhão no local de trabalho, não pode e não deve ser uma preocupação individual, mas um grande ato coletivo, todos por todos, ninguém deve ficar desprotegido.
Infelizmente, os companheiros Jailton Teixeira da Silva de apenas 33 anos, funcionário da Metso e Emerson Silva Oliveira de 19 anos, ainda um garoto, funcionário da Carmar, somam-se às vítimas da cruel estatística de acidentes de trabalho no Brasil. Que por vocês e pelos demais que tiveram suas vidas ceifadas pelo fracasso do atual modelo de produção do capital, a luta seja para que nenhuma família deva chorar por um ente que não mais vai voltar.