Após trabalharem por 12 horas seguidas na unidade da Prysmian, no bairro Alto da Boa Vista, em Sorocaba, no final da tarde de hoje, dia 17, os funcionários resolveram aderir a uma greve na empresa pela inclusão da cláusula de salvaguarda contra a reforma trabalhista no acordo coletivo deste ano. Como retaliação, os gestores da fábrica retiraram o transporte coletivo que levaria os metalúrgicos embora para casa após o expediente.
“A atitude dos gestores da Prysmian foi leviana e vingativa. Ela desrespeitou de forma acintosa o direito democrático dos trabalhadores entrarem em greve. Além do mais, o pessoal já tinha adquirido direito à condução após o fim do expediente”, afirma indignado o secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Silvio Ferreira.
Para ele, “é esse tipo de mentalidade patronal perversa que a reforma trabalhista tem gerado no país. E é por isso que, mais do que nunca, não abrimos mão da cláusula de salvaguarda na Prysmian e em todas as empresas do setor metalúrgico da região”, declara o dirigente.
Vários trabalhadores pegaram carona para irem embora. Após 40 minutos de muita insistência do Sindicato, a empresa restabeleceu o transporte coletivo fretado para quem ficou aguardando mais esse tempo após o expediente.
“Mesmo tendo conseguido reverter a situação, para nós a impressão que ficou foi de desconfiança em relação à empresa. Ela diz que não assina a salvaguarda, mas que não pretende implantar a reforma na fábrica. Atitudes como a de hoje, porém, mostram justamente o contrário”, afirma Silvio.
Início da greve
A greve no Grupo Prysmian em Sorocaba começou no período da manhã de hoje, dia 17, na unidade da empresa no bairro Éden, também em Sorocaba. A paralisação foi reforçada pelo segundo turno da fábrica às 14h.
Na fábrica do Alto da Boa Vista a assembleia do Sindicato foi realizada no fim da tarde e 100% dos trabalhadores aprovaram a paralisação em defesa da cláusula de salvaguarda contra a terceirização e a reforma trabalhista.
A unidade do Éden conta com cerca de 470 trabalhadores e a da Boa Vista, com pouco mais de 200; totalizando aproximadamente 700 funcionários em Sorocaba.
A Prysmian produz cabos e é representada pelo sindicato patronal Sindicel (Grupo 8-1 na Fiesp), que se recusa a firmar a convenção coletiva estadual da categoria, garantindo reposição da inflação, renovação das cláusulas sociais já existentes e inclusão da cláusula de proteção contra a terceirização e a reforma trabalhista, chamada de salvaguarda.
Maioria já conquistou
Em Sorocaba e região, considerando convenções coletivas e acordos coletivos por fábrica, mais de 75% dos 35 mil metalúrgicos concluíram a campanha salarial deste ano.
Os acordos e convenções já firmados garantem, no mínimo, a reposição da inflação (1,73%), a renovação das cláusulas sociais já existentes e a inclusão de cláusulas de salvaguarda, que garantem negociações com o sindicatos antes da aplicação de qualquer nova lei, decreto ou medida provisória que prejudique os direitos do trabalhadores.
Em diversas fábricas de Sorocaba e Região, os metalúrgicos também têm conquistado avanços adicionais, como aumento real de salários, plano de carreira, valorização do vale compras, entre outros.
“Na Prysmian, além de negar o que a maioria da categoria já garantiu, a empresa acha correto castigar os trabalhadores, após um turno exaustivo de trabalho, por exigirem direitos e dignidade no trabalho”, compara Silvio Ferreira.