Reunidos em plenária no Sindicato dos Metalúrgicos (SMetal) neste sábado, na sede de Sorocaba, cerca de 100 trabalhadores da Toyota debateram a proposta que cria o terceiro turno na fábrica — e gera mais de mil empregos diretos — e a consideraram satisfatória para ser levada para votação em assembleia na terça-feira, dia 27, na porta da fábrica.
A proposta, construída em negociações entre o SMetal e a direção da montadora, altera os horários de trabalho e os intervalos de refeição dos atuais dos 2 mil funcionários da Toyota em Sorocaba e, por isso, passou por negociações para minimizar o impacto das mudanças e criar contrapartidas positivas para os trabalhadores atuais.
“Nosso foco na negociação foi manter direitos e também garantir o bem-estar social dos trabalhadores e seus familiares. A empresa queria, por exemplo, implantar a jornada aos sábados. Mas, graças ao diálogo, chegamos a soluções que mantiveram a jornada de segunda a sexta-feira, garantindo o fim de semana livre para o trabalhador, sem comprometer os planos de expansão e de contratações da Toyota”, explica Leandro Soares, presidente do SMetal.
Além de ser negociada antes de ser colocada em prática, conforme os princípios de atuação do SMetal, a proposta deve ser aprovada pelos trabalhadores em assembleia.
Cláusula de proteção
“Essa negociação só foi possível devido à nossa campanha salarial de 2017, que garantiu a cláusula de proteção contra a reforma trabalhista para quase toda a categoria, inclusive na Toyota. Sem essa cláusula, a empresa poderia impor mudanças no contrato de trabalho e estabelecer perdas de direitos aos trabalhadores sem consultar ninguém”, lembra Leandro.
Por ter havido a negociação, a proposta que será levada em assembleia garante a manutenção da qualidade atual dos empregos na Toyota, tanto para quem já está na fábrica quanto para quem vai entrar.
Empregos diretos e indiretos
Os mais de mil empregos que serão criados, caso a proposta seja aprovada na terça, incluem a efetivação de 320 metalúrgicos que hoje trabalham na montadora sob regime de contrato por prazo determinado e a admissão de 737 novos funcionários até agosto deste ano.
Além dos 1.057 empregos diretos, a proposta tem potencial para criar milhares de empregos indiretos. “Estimativas do setor automotivo indicam que, para cada vaga criada em uma montadora, são gerados de 5 a 7 postos de trabalho na cadeia produtiva que atende a fabricante de veículos”, afirma Leandro.
Portanto, pelos cálculos do SMetal, os 1.057 empregos na Toyota devem significar, no mínimo, mais de 5 mil outros postos de trabalho no setor, “muitos deles em Sorocaba e região, onde estão instalados vários fornecedores da Toyota, com os quais também estamos negociando”, ressalta o dirigente.
Fabricação do Yaris em Sorocaba
O terceiro turno está previsto para começar a operar em novembro deste ano. Mas as contratações devem começar logo após a aprovação da proposta para que os novos admitidos passem pelo processo de treinamento da fábrica, que dura aproximadamente três meses.
A criação do terceiro turno, as alterações de horários, as contratações e os demais itens da proposta são necessários para a Toyota produzir o novo carro que a montadora vai lançar este ano: o Yaris.
Além da direção executiva do SMetal, também os integrantes do Comitê Sindical de Empresa (CSE) participaram das negociações com a Toyota.
A plenária deste sábado foi convocada e coordenada em conjunto pelo SMetal e o CSE.
Terça-feira às 17h
A proposta pré-aprovada na plenária deste sábado será apresentada aos trabalhadores em assembleia na terça-feira, dia 27, às 17h, no encontro do primeiro com o segundo turno, em frente à montadora.