A Prefeitura cortou o recurso financeiro utilizado pelas escolas municipais de Sorocaba para cobrir as despesas emergenciais e miúdas, como por exemplo repor lâmpadas, torneiras, fazer pequenos reparos ou adquirir materiais, como papel sulfite. A Secretaria Municipal da Educação (Sedu) prevê que o dinheiro ficará sem ser enviado por pelo menos mais um mês, até a contratação de uma instituição financeira. O último recurso da chamada verbinha foi no valor de R$ 750 e enviado em fevereiro, segundo denuncia uma professora que pediu para não ser identificada por temer represálias de sua chefia. Segundo ela, há três meses alguns professores, diretores e pais de alunos têm tirado dinheiro do próprio bolso para custear tais despesas.
A Sedu responsabiliza a instituição bancária que usava para destinar tais recursos. Citando o nome do banco informa que o mesmo “deixou de operar esse recurso (verbinha) e então foi necessário licitar outras instituições financeiras”. Segundo a Sedu, a partir de junho o verbinha será paga por meio de cartões da Caixa Econômica Federal, cuja assinatura do contrato e confecção dos cartões estão em andamento.
Mães dizem que já levaram até giz
A dona de casa Raquel Priscila Ferreira Martins, 27 anos, é mãe de dois estudantes da Escola Municipal Amim Cassar, no Jardim Santa Cecília. Ela reclama que o aprendizado dos seus filhos está prejudicado, já que sequer recebem as lições impressas para fazer em casa. Disse que as professoras declaram estar proibidas de pedir aos pais, mas aceitam a ajuda financeira ou em materiais dos que entenderem a situação da falta do envio da verbinha. Outra mãe de aluno da mesma escola, Bruna Cristina Antunes, confirma que desde o início do ano e até a última terça-feira, quando concedeu entrevista, o filho dela não recebe trabalho para fazer em casa por falta de papel e tinta na impressora.
A mesma situação insatisfaz os pais de alunos da Escola Municipal José Mendes, no Jardim Hungarês. “É uma vergonha, ou doamos papéis ou nossos filhos ficam sem o que fazer na escola”, reclama a autônoma Talita Jéssica Silva Barbosa, 28 anos. A balconista Sabrina Lima, 21 anos, é mãe de um aluno da mesma escola. Conta que levou papel sulfite e giz para uso na lousa, reclamando que acreditava que não iria precisar comprar material para escola pública. Familiares de ao menos outras cinco escolas municipais fizeram as mesmas queixas ao Cruzeiro do Sul
Para cobrir parte das despesas, algumas escolas estão consumindo os recursos do caixa escolar, angariado junto à comunidade, em parceria com a Associação de Pais e Mestres (APM). Outra queixa foi a da suspensão por dois meses do contrato entre a Prefeitura e a empresa que fornece um toner mensal, uma impressora e a manutenção desse equipamento para as escolas. Segundo a mesma professora, este contrato teria sido retomado há cerca de 15 dias. Já a versão da Prefeitura é que “o contrato está vigente e atende toda a rede municipal de ensino, contando com, no mínimo, um equipamento com os serviços de impressão, cópia e digitalização”.
A vendedora de uma loja de suprimentos para impressoras, Vânia Cunha, 33 anos, diz que a partir de abril, apenas ela atendeu cerca de 30 professores de diferentes escolas municipais que foram comprar cartuchos, toner e papel sulfite, reclamando de pagarem com dinheiro próprio. Segundo a vendedora, no último sábado (14), a diretora de uma escola comprou um toner e comentou que levou a impressora que tem em casa para o trabalho porque um toner para o equipamento da escola custa R$ 130, enquanto o da impressora que ela levou de casa sai por R$ 74,99. A versão da Prefeitura é que a falta de impressão foi um problema momentâneo em apenas uma escola, resolvido desde a semana passada.