Os trabalhadores da Schaeffler, em Sorocaba, reprovaram a proposta do Programa de Participação nos Resultados (PPR) de 2022 apresentada pela autopeça, em assembleias realizadas nesta quarta-feira, 11, em todos os turnos. Na oportunidade, ficou definido ainda um valor mínimo aceitável e que, caso a empresa chegue à essa proposta, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) fica autorizado a firmar acordo com a multinacional.
De acordo com o membro do Comitê Sindical da Schaeffler, Sidnei Morales Hernandes, que liderou as assembleias, o Sindicato já havia rejeitado a proposta em mesa, mas a empresa insistiu que fosse colocada em votação. “Nós avisamos que o valor proposto estava bem abaixo das expectativas e que os trabalhadores não aceitariam nada menos que a inflação do período, que está acima dos 10%. A assembleia comprovou as nossas expectativas, reprovando o valor inicial por unanimidade”, conta.
Ele lembrou ainda que, além de um valor abaixo da reivindicação dos metalúrgicos, a multinacional havia apresentado metas que dificilmente seriam alcançadas. “Debatemos os critérios e as metas por diversas reuniões até chegar a uma proposta condizente com a realidade da fábrica. Inclusive, utilizamos os resultados até março para apresentar uma contraproposta que dá para chegar e garantir 100% do Programa. A empresa acatou a nossa proposta, que reduzia o número de peças, e agora falta apenas acertar o valor”, disse.
Ainda nesta semana, o Sindicato apresentará a contraproposta para avaliação da empresa. Se a Schaeffler chegar ao valor aprovado pelos trabalhadores, o Programa de 2022 será pago em duas parcelas: a primeira está prevista para junho deste ano e a segunda, após a aferição das metas, em fevereiro de 2023.
O vice presidente do SMetal, Valdeci Henrique da Silva (Verdinho), e os membros do CSE da Schaeffler Claudinei Hader (Coelho), Claudemir dos Santos (Borboleta), Josué Luiz Pereira dos Santos, Marcos Antonio Alves da Costa, Nelson Brilhante do Sol Gaino, Roque Medeiros de Sousa e Sebastião Aranha de Moraes também participaram das assembleias na porta da fábrica.
Desafios da Campanha Salarial
Inflação descontrolada que, em apenas oito meses desde a última data-base (setembro de 2021), acumula 8,66% de perdas nos salários dos metalúrgicos. Esse é o cenário que a categoria tem enfrentado e que será um desafio a mais para as negociações da Campanha Salarial de 2022.
O tema foi abordado durante as assembleias na autopeça pelo presidente do SMetal, Leandro Soares, que enfatizou: “a tendência é que a inflação da nossa Campanha ultrapasse a anterior, que foi de 10,42%. E se naquela época o Grupo 3, na qual a Schaeffler faz parte, quis parcelar o reajuste em duas vezes, neste ano a ofensiva deve vir ainda pior”.
Para ele, somente a unidade da categoria pode barrar retrocessos e garantir um reajuste salarial digno aos metalúrgicos. “Temos que estar preparados para enfrentar esse período com muita mobilização e união, deixando claro que lutaremos pela valorização do nosso trabalho”, assegurou.
A Schaeffler fica na avenida Independência, tem cerca de três mil trabalhadores e fabrica peças e acessórios para veículos.