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Opinião

Por um teto digno – de salário e de moradia

O editorial da Folha Metalúrgica edição 902 fala sobre a importância da criação e defesa de políticas públicas que garantam o direito à moradia, emprego e salário dignos a todos os brasileiros

Imprensa SMetal
Daniel Santini/G1)
Só em São Paulo, são 400 mil famílias sem teto

Só em São Paulo, são 400 mil famílias sem teto

Lutar por moradia não é, nem nunca foi crime. Da mesma forma que lutar por um reajuste salarial e por um ambiente de trabalho sem risco de acidentes se faz necessário.

Se não houver mobilização não há conquista! Crime é a elite brasileira comprar políticos, a grande mídia e contar com apoio de um setor do judiciário para tentar criminalizar os movimentos sociais que reivindicam os direitos básicos à vida.

Crime é não pagar nenhum imposto pelas aquisições de luxo, como iate, helicóptero, enquanto o trabalhador rala para poder pagar altos valores de impostos.

Crime é o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, receber um salário de cerca de R$ 30 mil e mais auxílio-moradia de R$ 4.378, apesar de possuir um imóvel próprio de 256 m² em Curitiba, conforme ele mesmo relatou em entrevista à Folha de S.Paulo, em fevereiro deste ano.

A tragédia que ocorreu com o desabamento do prédio no Largo do Paissandú, em São Paulo, com os trabalhadores sem teto, foi utilizada por alguns desinformados ou pessoas com más intenções para inverter a lógica da justiça.

Alguns que desfrutam de um belo teto, do conforto e do lazer do lar acabam acreditando que são “vagabundos” os que ocupam imóveis abandonados. Como se fosse opção o trabalhador ir morar com a família num local sujo, sem água corrente, sem energia, sem condições dignas.

Em entrevista, os moradores sobreviventes relataram que estavam trabalhando e muitos acabam questionando: mas se a pessoa trabalha por que “invadiram” o prédio? A resposta é simples e dura. O salário que recebem não dá nem para pagar aluguel.

É comum os assalariados receberem o mínimo para se vestirem, para ter um lugar para morar, para se alimentar, para voltar ao trabalho no dia seguinte e manter a condição de ter sua mão de obra eseu tempo explorados. Mas, atualmente, no país – ainda mais com a reforma trabalhista – o salário não garante nem as condições básicas de vida.

Por isso, é fundamental a luta por políticas públicas por moradia, por direitos trabalhistas, pelo direito à cidade. Só em São Paulo são 400 mil famílias sem teto e, ao menos, dois milhões de metros quadrados desocupados ou subutilizados.

Ao andar por Sorocaba é notável o aumento de pessoas que se abrigam nas ruas, já outros, moram em áreas verdes ou “de favor” na casa de familiares. No próprio Carandá, recém-inaugurado, houve uma reintegração de posse porque 90 famílias ocuparam os apartamentos vazios.

Sob o governo golpista de Temer políticas para reverter esse quadro de injustiças não estão no horizonte. Somente um governo popular e democrático pode olhar para a população mais necessitada.

Estamos do lado da classe trabalhadora, daqueles que precisam vender sua força de trabalho e lutam no dia a dia para a efetivação dos seus direitos, não do lado dos que defendem um Estado mínimo para os pobres, enquanto recebem auxílio-moradia de quase R$ 5 mil, tendo casa própria e um salário astronômico.

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