Lutar por moradia não é, nem nunca foi crime. Da mesma forma que lutar por um reajuste salarial e por um ambiente de trabalho sem risco de acidentes se faz necessário.
Se não houver mobilização não há conquista! Crime é a elite brasileira comprar políticos, a grande mídia e contar com apoio de um setor do judiciário para tentar criminalizar os movimentos sociais que reivindicam os direitos básicos à vida.
Crime é não pagar nenhum imposto pelas aquisições de luxo, como iate, helicóptero, enquanto o trabalhador rala para poder pagar altos valores de impostos.
Crime é o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, receber um salário de cerca de R$ 30 mil e mais auxílio-moradia de R$ 4.378, apesar de possuir um imóvel próprio de 256 m² em Curitiba, conforme ele mesmo relatou em entrevista à Folha de S.Paulo, em fevereiro deste ano.
A tragédia que ocorreu com o desabamento do prédio no Largo do Paissandú, em São Paulo, com os trabalhadores sem teto, foi utilizada por alguns desinformados ou pessoas com más intenções para inverter a lógica da justiça.
Alguns que desfrutam de um belo teto, do conforto e do lazer do lar acabam acreditando que são “vagabundos” os que ocupam imóveis abandonados. Como se fosse opção o trabalhador ir morar com a família num local sujo, sem água corrente, sem energia, sem condições dignas.
Em entrevista, os moradores sobreviventes relataram que estavam trabalhando e muitos acabam questionando: mas se a pessoa trabalha por que “invadiram” o prédio? A resposta é simples e dura. O salário que recebem não dá nem para pagar aluguel.
É comum os assalariados receberem o mínimo para se vestirem, para ter um lugar para morar, para se alimentar, para voltar ao trabalho no dia seguinte e manter a condição de ter sua mão de obra eseu tempo explorados. Mas, atualmente, no país – ainda mais com a reforma trabalhista – o salário não garante nem as condições básicas de vida.
Por isso, é fundamental a luta por políticas públicas por moradia, por direitos trabalhistas, pelo direito à cidade. Só em São Paulo são 400 mil famílias sem teto e, ao menos, dois milhões de metros quadrados desocupados ou subutilizados.
Ao andar por Sorocaba é notável o aumento de pessoas que se abrigam nas ruas, já outros, moram em áreas verdes ou “de favor” na casa de familiares. No próprio Carandá, recém-inaugurado, houve uma reintegração de posse porque 90 famílias ocuparam os apartamentos vazios.
Sob o governo golpista de Temer políticas para reverter esse quadro de injustiças não estão no horizonte. Somente um governo popular e democrático pode olhar para a população mais necessitada.
Estamos do lado da classe trabalhadora, daqueles que precisam vender sua força de trabalho e lutam no dia a dia para a efetivação dos seus direitos, não do lado dos que defendem um Estado mínimo para os pobres, enquanto recebem auxílio-moradia de quase R$ 5 mil, tendo casa própria e um salário astronômico.