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SÃO PAULO

PM agride estudantes que pediam CPI da corrupção da merenda na Alesp

Pedido de CPI protocolado pelo PT tem 23 assinaturas, das quais 15 são do próprio partido, duas do Psol e duas do PCdoB, além de PPS, PDT, SD e PSDB, com uma cada

Rede Brasil Atual
Rogério Padula/Futura Press/Estadão Conteúdo

Policiais arrastam estudante que exigia investigação da corrupção da merenda no governo Alckmin

Estudantes secundaristas que exigiam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a corrupção na merenda das escolas administradas pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB) foram reprimidos e expulsos do plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo, pela Polícia Militar (PM), na tarde de hoje (1º). Segundo o site Jornalistas Livres, a PM agrediu e deteve alguns estudantes a pedido do deputado estadual Coronel Telhada (PSDB), que os incitou durante seu discurso. A assessoria do deputado não quis comentar o caso.

Dois dos estudantes agredidos, Renata Letícia e outro identificado somente como Douglas, foram encaminhados ao 36º Distrito Policial para registro de boletim de ocorrência de resistência à prisão. Cerca de 50 manifestantes participaram da mobilização. Os secundaristas também protestavam contra a substituição de refeições completas por bolacha e suco em muitas escolas da rede estadual paulista, desde o início do ano letivo.

O esquema de superfaturamento e pagamento de propina em contratos de fornecimento de merenda escolar operava no governo Alckmin e em mais 22 prefeituras do estado de São Paulo. Segundo apuração da Polícia Civil paulista e do Ministério Público Estadual (MPE), desviava entre 10% e 25% do valor das contratações.

Adriano Miller Aparecido, que prestava serviços financeiros à Cooperativa de Agricultura Orgânica Familiar (Coaf), detido na operação, disse que nos contratos de fornecimento de suco de laranja era possível “lucro” de 90%, pois o governo paulista utilizava preços de supermercado para estabelecer o valor de contrato. Assim, o suco que custava R$ 3,70 era adquirido por R$ 6,80.

Eles visavam à verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que é distribuído a estados e municípios. Conforme a Lei 11.947, pelo menos 30% do valor repassado ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) deve ser utilizado na aquisição de alimentos da agricultura familiar.

Entre os tucanos investigados estão o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Alckmin Luiz Roberto dos Santos, o “Moita”. Ele foi flagrado em interceptações telefônicas conversando com o lobista Marcel Ferreira Júlio. Segundo a polícia, Moita operava de dentro do Palácio dos Bandeirantes. Ele está foragido desde 19 de janeiro, quando a Operação Alba Branca foi deflagrada.

Também o ex-chefe de gabinete da Secretaria da Educação Fernando Padula, quadro do PSDB, está sendo investigado. Ele orientava os integrantes da Coaf sobre a forma “correta” de reajustar preços de contratos, contando com orientações de Moita para isso.

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Fernando Capez (PSDB), foi citado em delações dos investigados. Ele seria destinatário de propina no valor de 10% sobre contratos que a Coaf obtivesse com o governo. Era chamado de “nosso amigo” nas ligações telefônicas interceptadas pela polícia.

Na terça-feira passada (23), movimentos sociais, estudantes e sindicatos estiveram presentes na assembleia para reivindicar a instalação da CPI da merenda, mas a base aliada de Geraldo Alckmin esvaziou a sessão. Os participantes do ato passaram pelos gabinetes dos deputados entregando ofícios nos quais explicam a importância de assinar o pedido de CPI e conversando com os parlamentares.

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