A Polícia Federal (PF) anunciou nesta quinta-feira, dia 6, o fim dos grupos especiais dedicados exclusivamente ás operações Lava Jato e Carne Fraca. Com a decisão, ambas equipes passam a integrar a mesma delegacia, a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor).
De acordo com a PF, a ideia é “priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário, uma vez que permite o aumento do efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações”. A PF reforçou que deve continuar “disponibilizando toda a estrutura e logística possível para o bom desenvolvimento dos trabalhos e esclarecimento dos crimes investigados”.
A nova delegacia, segundo a nota, contará com o apoio de dois policiais da Superintendência do Espírito Santo. Foi para o Espírito Santo que foi transferido o delegado Márcio Anselmo, um dos pioneiros e principais investigadores da Lava Jato.
Ainda na quarta-feira 5, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR), comentou a liberação de recursos para emendas parlamentares pelo governo federal. Em sua página no Facebook, afirmou que “Temer libera verbas à vontade” para salvar seu mandato.
Há cerca de um ano, a procuradora regional da República em São Paulo Janice Ascari, em entrevista à CartaCapital, destacou a importância da criação de forças-tarefas dedicadas para o sucesso da operação Lava jato em relação às operações anteriores.
“O principal fato foi a maior especialização da investigação e a criação das estruturas para essas investigações”. Na ocasião, ela explicou que as operações Satiagraha e Castelo de Areia funcionaram no sistema tradicional, com um procurador, no máximo dois ou três, com um delegado e uma equipe pequena. Já na Lava Jato, por se mostrar algo tão imenso, foi necessário que se fizesse uma força-tarefa em Curitiba que englobou Polícia Federal, Receita Federal e Coaf.
Equipe reduzida
Em maio deste ano, segundo informações do portal G1, o delegado da Igor Romário de Paula, coordenador da operação no Paraná, falou sobre a dificuldade em relação à quantidade de pessoas na equipe. “Com o número que a gente tem hoje, é muito difícil dar continuidade ao trabalho da forma satisfatória, como sempre foi”, disse.
Na mesma ocasião, afirmou que não via nenhum indício de tentativa de barrar a investigação em Curitiba e que o que havia era a descentralização da operação. “Fica difícil os estados ficarem cedendo gente para cá”, afirmou.
Poucos dias antes, a PF havia se manifestado, em nota, sobre a redução de profissionais na força-tarefa no estado, considerando que, diante do elevado número de operações que tem sido deflagrado, o contingente de policiais precisou ser readequado.
Confira a íntegra do comunicado da Polícia Federal emitido nesta quinta-feira 6:
Sobre o efetivo da Superintendência Regional no Paraná, a Polícia Federal informa:
1. Os grupos de trabalho dedicados às operações Lava Jato e Carne Fraca passam a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor);
2. A medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário, uma vez que permite o aumento do efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações;
3. Também foi firmado o apoio de policiais da Superintendência do Espírito Santo, incluindo dois ex-integrantes da Operação Lava Jato;
4. O modelo é o mesmo adotado nas demais superintendências da PF com resultados altamente satisfatórios, como são exemplos as operações oriundas da Lava Jato deflagradas pelas unidades do Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo, entre outros;
5. O atual efetivo na Superintendência Regional no Paraná está adequado à demanda e será reforçado em caso de necessidade;
6. A Polícia Federal reafirma o compromisso público de combate à corrupção, disponibilizando toda a estrutura e logística possível para o bom desenvolvimento dos trabalhos e esclarecimento dos crimes investigados.