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Petroleiros ocupam Câmara e desmontam golpe contra Petrobras

Protesto conseguiu liberação de trabalhadores presos e categoria rebate tese entreguista

CUT Nacional
Divulgação

Petroleiros e representantes da CUT, MST, CNTE, MAB e MPA ocupam plenário da Câmara

Representantes de organizações sindicais de petroleiros da CUT e de movimentos sociais em defesa da soberania nacional deixaram há pouco o plenário da Câmara dos Deputados após a liberação de dois trabalhadores presos na manhã desta terça-feira (9).

A ocupação foi um protesto contra a detenção de Cláudio Nunes, do Sindipetro-NF (Sindicato Unificado dos Petroleiros do Norte Fluminense), e de Gustavo Marsaioli, do Sindipetro-SP, acusados pela polícia militar do Distrito Federal de desobediência e desacato durante ato contar o PLP 247, do arrocho aos servidores públicos.

De acordo com o diretor jurídico da FUP (Federação Única dos Trabalhadores), Leonardo Urpia, ambos foram soltos após o pagamento de fiança, mas a categoria permanece atenta à votação na Câmara.

“Não deixaríamos o salão principal enquanto nosso companheiros, detidos de forma truculenta, não estivessem livres. Estamos agora acompanhando os companheiros até o IML (Instituto Médico Legal) para fazer o corpo de delito, mas nos manteremos atentos durante os próximos dois dias à pauta da Câmara”, explicou.

Além do projeto que impede o reajuste dos servidores para os próximos dois anos, a categoria está no Congresso para acompanhar a votação do PL 4.567/16, que retira da Petrobras a exclusividade das atividades no pré-sal.

O texto também acaba com a obrigação de a empresa entrar com ao menos 30%, dos investimentos em todos os consórcios de exploração da camada.

Comissão Geral

Pela manhã, o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, participou de uma Comissão Geral na Câmara sobre o tema e desmontou as fundamentações da proposta que surgiu no Senado pelas mãos do atual ministro de Relações Exteriores do golpista Michel Temer, José Serra.

Rangel apontou que a discussão sobre mudanças na lei de partilha é um erro, porque o regime sequer foi testado na prática, já que o primeiro campo a operar sob essas regras será o de Libra, previsto para começar a produzir em 2020.

Ele criticou ainda o momento em que se faz o debate. “O mundo inteiro freou investimentos em petróleo. Os países estão, sim, atrás de reservas, mas com barril a US$ 50 ninguém quer investir nada porque o mercado passa por um momento de baixa. Vender qualquer coisa agora é entregar a preço de banana”, ponderou.

Zé Maria disse ainda que o argumento sobre a necessidade de se desfazer de uma Petrobrás quebrada é falácia que se comprova diante da recente resposta do mercado à busca da empresa por capitalização.

“A Petrobras foi capitar US$ 5 bilhões, conseguiu US$ 6 bi e queriam oferecer US$ 15 bi. E a história de que a indústria privada está ávida por petróleo é outra mentira, esse mercado está aberto há 20 anos e qual investimento fizeram aqui? Nenhum. A Statoil e a Shell preferem é gerar emprego em suas matrizes”, falou.

A empresa ainda conseguiu um empréstimo de US$ 11 bi com o China para ampliar o capital, fator que quebra a ideia de ausência de linha de crédito.

Plebiscito – Durante a Comissão Geral, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) também apresentou um projeto de decreto legislativo para realização de um plebiscito popular sobre a posição da Petrobras na exploração do pré-sal.

“Eu tenho convicção de que o povo brasileiro não aceitará abrir mão do Pré-Sal para entrega-lo às multinacionais”, afirmou.

Para Rangel, a pressa em vender a Petrobras tem outra razão. “A dívida é compatível com o patrimônio que a empresa tem e facilmente sanável. A celeridade dos golpistas é para fazer o pagamento a quem financiou o golpe. Basta lembrar dos documentos que o ex-consultor da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), Edward Snowden, revelou para o mundo sobre a atuação do José Serra como lobista da Chevron”, afirmou.

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