O sábado, 10, amanheceu mais solidário na sede do Esporte Clube Paulistano de Sorocaba. Isso porque o clube varzeano, a Central Única das Favelas (CUFA) e o Banco de Alimentos de Sorocaba realizaram a distribuição de cestas básicas, caixas de leites e chocolates para diversas famílias sorocabanas em situação de vulnerabilidade social. A ação começou às 09h e seguiu até às 13h, entregando, ao todo, 129 kits com as doações.
Cada entidade desempenhou um papel para que a ação pudesse acontecer. O Paulistano mobilizou parceiros comerciais para arrecadar os mantimentos e, a CUFA e o Banco de Alimentos de Sorocaba, realizaram o mapeamento e cadastro das famílias que mais precisavam receber esses produtos.
Gregory Simões, presidente do Paulistano, conta que um dos princípios do clube é estar envolvido em ações sociais que estejam além do esporte. Dessa forma, os parceiros comerciais que antes auxiliavam o time com as atividades esportivas, desta vez puderam doar produtos alimentícios para as famílias. “Por conta da pandemia, a diretoria resolveu fazer com que esses parceiros que nos ajudam no esporte, pudessem compor uma ação solidária para as famílias carentes”, comenta.
As entidades organizaram um cronograma de doações, para respeitar os protocolos de saúde sugerido pelas autoridades sanitárias – a fim de conter o avanço da pandemia do coronavírus. A cada hora, um grupo de famílias pôde retirar os mantimentos, uma caixa de leites e, ainda, uma caixa de chocolates. Gisele Barbosa dos Santos, mãe de dois filhos e desempregada, relata a emoção ao receber as doações. “Fico muito contente porque estou nessa situação de desemprego desde o início da pandemia e ter a certeza que vou ter alimentos para os meus filhos, alivia”, disse.
A pandemia da Covid-19 também tem impactado nas entidades solidárias, que dependem de doações para que o repasse às famílias aconteçam. Drika Martim, presidente da CUFA de Sorocaba e Região, explica que, na instituição, houve uma queda de pelo menos 70% nas doações. “Por conta disso, precisamos fazer um mapeamento certeiro dessa famílias. Hoje temos pessoas em situação de vulnerabilidade social, mas há, ainda, quem realmente não tem mais nada em casa”.
A diminuição das doações também foi identificada por Meire Ellen Rodrigues, assistente social do Banco de Alimentos de Sorocaba. Ela comenta que, somente em um cadastro permanente disponibilizado pela entidade, há 6 mil pessoas aguardando doação dos alimentos selecionados e distribuídos pelo Banco. “A gente tem enfrentado uma dificuldade quanto a sensibilização das pessoas na pandemia. Ano passado tivemos muitas doações, mas este ano diminuiu bastante parecendo, até, que as pessoas acostumaram com isso. O número de famílias passando necessidade aumentou e as doações diminuíram, então ter ações como essa organizada pelo Paulistano é muito importante e seria fundamental que mais instituições fizessem esse tipo de campanha”, afirma.
Dignidade é a palavra
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Leandro Soares, recorda que entidades como o banco – mantido e apoiado pelo SMetal – ajudam a proporcionar justiça social. “As entidades envolvidas nessa ação fizeram o projeto na tentativa de promover a justiça social. O Paulistano por meio da captação das doações, a CUFA e o Banco organizando, mapeando e selecionando as famílias estão de parabéns pela ação positiva. Aqui, vemos auxílio permanente a essas famílias esquecidas pelo poder público”, disse.
Segundo dados da pesquisa ‘Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil’, divulgados na última semana e noticiada pelo SMetal, ao menos 19,1 milhões de pessoas estavam passando fome no período em que o estudo foi realizado, entre 5 e 24 de dezembro de 2020. Para se ter uma ideia, o número de pessoas que não teriam o que comer se abrissem a dispensa de casa, corresponde há toda população do estado de São Paulo.
“Se antes a luta era para que as pessoas pudessem comer com qualidade nutricional e autonomia, voltamos para a posição de garantir, o mínimo, para frear os impactos da fome. A falta de políticas públicas por parte do governo brasileiro fez o país voltar ao Mapa da Fome, além de vivenciar uma realidade em que as pessoas não têm mais acesso ao direito humano mais básico: à alimentação. Nessa hora, a mobilização das organizações é o que salva as famílias da necessidade”, afirma Tiago Almeida do Nascimento, presidente do Banco de Alimentos de Sorocaba.
Ainda de acordo com Gregory Simões, o Paulistano pretende continuar arrecadando doações para os que mais precisam. Desta vez, a ideia é angariar máscaras e álcool em gel para que as famílias vivendo em situação de vulnerabilidade social possam enfrentar com mais segurança a pandemia.
“Com o momento, vimos uma quantidade enorme de famílias migrando para as favelas por não conseguirem manter gastos como aluguel. Hoje a realidade pede para que a gente se mobilize como pode. ‘Dignidade’ é a palavra. Estamos ajudando essas famílias a recuperarem a dignidade básica de ter, pelo menos, comida para alimentar a si e seus filhos.”, finaliza Drika Martim.