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Editorial

Palavra da Diretoria – Verdade, memória e justiça

O SMetal, assim como a bancada petista da Câmara de Sorocaba e a 24ª subseção da OAB, entre outras entidades, apoia a iniciativa da Comissão Municipal. A sociedade merece a verdade

Imprensa SMetal

Na década de 60, operários, estudantes, religiosos, professores e militantes de movimentos sociais, como um todo, participavam de um contexto de mudança no Brasil.

Com o governo de João Goulart (Jango) eles queriam reformas que fossem significativas para colocar o país em um novo rumo, mais humanitário, favorecendo o seu próprio povo e deixando de lado o favorecimento estrangeiro.

Um país soberano, com seu povo à frente de sua própria história. Mas um duro golpe em 31 de março de 1964 acabou, momentaneamente, com esse sonho/construção.

Justamente, por medo de a população tomar as rédeas nas mãos e passar a decidir seu futuro – mais igualitário, com menos concentração de renda, diminuindo o abismo das diferenças sociais – uma ala elitista, ameaçada, jogou sujo e pesado.

Essa ala foi composta por segmentos da direita, do empresariado, de boa parte da imprensa, por conservadores religiosos – que promoveram pelo Brasil, inclusive em Sorocaba, edições da “Marcha da Família Com Deus e pela Liberdade”.

Com toda a parafernália construída em torno de discursos de repúdio à uma sociedade socialista essa elite civil deu base e força para os militares saírem em tropas de Juiz de Fora, Minas Gerais, avançando com o golpe ditatorial que depôs Jango e colocou o Brasil sob intensa censura e repressão, de 1964 a 1985.

Para falar em justiça e em memória, há muito tempo não cabe mais falar apenas em ditadura militar. Os generais e sua corja de assassinos tiveram o apoio, a participação e a estratégia de civis para legitimar o aparato repressivo.

E ainda hoje, o Brasil não conhece sua história. Quem foram e quem são os que promoveram as torturas, as prisões arbitrárias, os desaparecimentos de pessoas e os assassinatos planejados de tantos jovens, como o sorocabano Alexandre Vannucchi Leme, que aos 22 anos foi levado ao DOI-CODI sob tortura até que seu corpo frágil não resistisse mais.

Muitos desses algozes ainda circulam impunes pelo poder, em delegacias, em governos e em colunas de grandes jornais. Fora isso, há os propagadores da ditadura que, conscientemente, querem mascarar as barbáries praticadas no período.

Pela justiça, pela verdade e pela memória, foi criada a Comissão Nacional da Verdade (CNV), pela presidenta Dilma. Em Sorocaba, um movimento popular legítimo exige a instalação da Comissão Municipal da Verdade: Alexandre Vannucchi Leme. Mas diferentemente da CNV, que trabalha com o período de 1946-1985, a municipal englobará a pesquisa de 64 a 85 numa tentativa de dar mais qualidade ao relatório final que deve ser entregue, impreterivelmente, em dezembro ainda deste ano, para ser juntado ao da CNV.

O SMetal, assim como a bancada petista da Câmara de Sorocaba e a 24ª subseção da OAB, entre outras entidades, apoia a iniciativa da Comissão Municipal. A sociedade merece a verdade e a luta contra as injustiças é contínua para que novos golpes não aconteçam e para que a verdadeira liberdade se reflita na soberania popular.

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