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Editorial

Palavra da Diretoria – Reconhecimento da luta

Há 60 anos, em 12 de abril de 1954 a Associação dos Metalúrgicos de Sorocaba conquistou a então necessária "Carta Sindical", emitida pelo governo brasileiro, para representar os trabalhadores

Imprensa SMetal

Há 60 anos, em 12 de abril de 1954 a Associação dos Metalúrgicos de Sorocaba conquistou a então necessária “Carta Sindical”, emitida pelo governo brasileiro, para representar os trabalhadores como Sindicato de Classe.

Porém, antes mesmo de formalizarem suas entidades representativas, os metalúrgicos da região já procuravam se organizar por melhores condições de trabalho e de vida.
Em 1589, os Afonso Sardinha, pai e filho, encontraram jazidas de magnetita no morro de Araçoiaba (hoje Morro Ipanema). Para processar o minério eles instalaram forjas rústicas no local. Os trabalhadores dessa fábrica formaram, no morro, a vila operária de Nossa Senhora de Monte Serrat.

Com a desativação da fundição, no início do século 17, os metalúrgicos se deslocaram para a região onde hoje é a zona norte de Sorocaba. No local, fundaram a Vila de Nossa Senhora de Itapevuçu (mais tarde, Itavuvu). Esse período é contado na obra O Esconderijo do Sol, de José Monteiro Salazar.

Em 1810, por carta régia, D. João VI cria a Companhia Montanística das Minas Gerais de Sorocaba, depois rebatizada como Fábrica de Ferro de São João do Ipanema.
Datam dessa época requerimentos de escravos que pedem à gerência da fábrica condições mínimas de subsistência, como alimentos, roupas e cobertura para alojamento. Esses registros são citados no trabalho acadêmico do professor Og Natal Menon.

Em 1939 existiu uma primeira tentativa de organização formal da categoria, com a fundação do Sindicato dos Operários Metalúrgicos de Sorocaba. Mas a falta de registros históricos nos anos seguintes, segundo estudos do professor Geraldo Titotto Filho, indicam que esse sindicato teve vida curta.

Em fevereiro de 1946 os metalúrgicos voltam a se organizar e fundam uma associação. Vários de seus integrantes, liderados por Benedito Ferraz, eram ligados ao Partido Comunista e sofreram perseguições.

Mesmo assim, a associação sobreviveu e transformou-se em Sindicato no ano de 1954. Os irmãos Fioravante e Hermínio Sajo estavam entre os diretores da entidade.

Em 31 de março de 1964, o Sindicato não havia completado nem 10 anos de existência quando foi abalado pelo golpe militar, que desarticulou todos os movimentos sociais do país.

Seguiram-se duas décadas de lutas e resistência dos trabalhadores para restabelecer a liberdade de organização.

Foi somente em 1983 que a categoria conquistou, via Justiça, o direito de realizar eleições transparentes e democráticas. Essa votação revelou Wilson Fernando da Silva, o Bolinha, como uma das mais fortes e habilidosas lideranças sindicais já surgidas na região.

Desde então, diretorias idealistas e combativas se sucederam, tendo à frente líderes como Bolinha, Geraldo Titotto Filho, Carlos Roberto de Gáspari , Izídio de Brito Correia e, atualmente, Ademilson Terto da Silva.

Houve momentos dramáticos nessa trajetória, com perseguições e ameaças da ditadura; embates acirrados com polícia e patrões; preconceito de parte da sociedade; além das crises econômicas dos anos 90, que reduziram a categoria de quase 30 mil para 17 mil trabalhadores na região. Hoje, nossa categoria é formada por 45 mil metalúrgicos.

Como dizia Wilson Bolinha: “Esta categoria tem muita história de lutas para contar. E por isso tem que ser respeitada”.

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