Por diferentes razões conforme o país, a juventude hoje é o centro das atenções no mundo. Nas nações totalitárias, os jovens clamam por liberdade; na Europa, exigem emprego (mais de 50% da juventude em idade de trabalho está desempregada em vários países europeus) e; no Brasil, reivindicam avanços mais rápidos nas conquistas sociais alcançadas nos últimos 10 ou 12 anos.
A milenar Igreja Católica, agora alicerçada no carisma do Papa Francisco, tem dedicado especial atenção aos debates que envolvem os jovens. A repercussão e sucesso da recente Jornada Mundial da Juventude, realizada no Brasil, é um reflexo desse empenho da Igreja e seu novo líder para entender e influenciar os movimentos juvenis.
Uma das mensagens mais certeiras do Papa na visita ao Brasil foi a crítica à sociedade economicista e individualista. A ganância e a falta de respeito para com o próximo, de fato, não combinam com os preceitos do cristianismo. A fraternidade e a justiça social é que devem nortear o funcionamento da sociedade, e não os interesses financeiros das grandes corporações e seus representantes políticos neoliberais.
No Brasil, boa parte da juventude responsável – que tem alcançado índices cada vez melhores de emprego, acesso à classe média e expectativa de vida – está em busca de politização para conhecer como funciona a sociedade, aprimorar a democracia e lutar por mais educação, mais saúde, serviços públicos de qualidade, empregos que valorizem o trabalhador e fim da corrupção. Esse empenho, canalizado para o bem comum, é louvável.
Uma pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em maio deste ano, cerca de um mês antes das grandes manifestações de rua que ocorreram no País, comprova as prioridades dos jovens.
Segundo esse levantamento, que ouviu mais de 11 mil jovens de todos os estados, a educação de qualidade e a melhoria dos serviços de saúde são as prioridades dos brasileiros até 29 anos de idade, com 85,2% e 82,7% das respostas, respectivamente. Em seguida vêm acesso a alimentos de qualidade (70,1%) e governos honestos e atuantes (63,5%).
Diante desses fatos, a mensagem do Papa, que teve a coragem de falar de Deus sem se esquivar de conscientizar o cidadão sobre seu papel na construção de um mundo melhor na Terra, reforça o ponto de vista de muitos dos jovens que têm saído às ruas pelo mundo para mostrar sua indignação diante da crueldade do capitalismo.
Por mais que alguns veículos de comunicação que sustentam a selvageria do capitalismo brasileiro tenham tentado negar, o Papa Francisco falou sobre política sim. Ele pregou a participação de todos os cidadãos nos rumos da sociedade, com ênfase na união e respeito mútuo de dois extremos, os jovens (que simbolizam energia e inconformismo natural) e os idosos (pela sabedoria e experiência). Isso é política, é saudável e necessário.