O crescimento do consumo da classe trabalhadora, o aumento das conquistas de direitos para os trabalhadores domésticos, o maior acesso de jovens às vagas nas universidades, com o financiamento estudantil (Fies), o Minha Casa Minha Vida e outras mudanças ocorridas no país continuam causando estranhezas e acessos de ódio e fúria na elite brasileira.
Foi essa elite burguesa, com seus puxa-sacos e paus-mandados ignorantes, que levaram cartazes para as ruas no domingo, dia 15, pedindo o retorno de uma ditadura militar (porque intervenção militar é sinônimo de golpe e ditadura).
Apesar dos noticiários terem afirmado, a todo momento, que as manifestações pelo impeachment foram pacíficas, não faltaram insultos e demonstrações de tendências assassinas contra a figura da presidente Dilma Rousseff, eleita por voto direto no ano passado.
A liberdade de manifestação e de crítica são intocáveis e foram conquistados às duras penas por gerações de brasileiros, que se rebelaram contra a ditadura que agora alguns imbecis clamam pelo retorno, utilizando como arma justamente a liberdade que seus antepassados conquistaram para eles.
É preciso cautela e um olhar muito crítico para poder desconstruir os discursos difundidos pela mídia burguesa, que quer a volta do modelo neoliberal, excludente e discriminatório no país.
No domingo, a Globo afirmou insistentemente que havia um milhão de pessoas na avenida Paulista. Mas, sendo um absurdo do ponto de vista da física (dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço), o Datafolha viu-se obrigado a desmentir esse número na segunda-feira. Segundo o instituto de pesquisa, pelo espaço ocupado na avenida, havia ali no máximo 210 mil manifestantes.
A polícia militar paulista, nas mãos do PSDB, que sempre avalia as manifestações populares para baixo, desta vez resolveu fazer o milagre da multiplicação de manifestantes. Foi igualmente desmentida pela ciência matemática.
É preciso, sim, sair às ruas contra a corrupção e por mais direitos mas para isso não são nada úteis reproduções de discursos de quem é inimigo da classe trabalhadora. O povo nas ruas precisa significar reivindicações legítimas para a estabilidade da democracia e a evolução dos direitos sociais.
O exemplo positivo foi dado no dia 13 de março, quando militantes, professores, donas de casa e diversas categorias profissionais levantaram as bandeiras de seus sindicatos, dos movimentos sociais dos quais participam, da CUT, do Brasil, na avenida Paulista, em São Paulo.
Foi uma sexta-feira chuvosa que reuniu cerca de 100 mil manifestantes – conforme o último número apurado pela organização. Mesmo sob intensa chuva a passeata seguiu rumo à Praça da República pedindo Reforma Política urgente, por meio de uma Constituinte Soberana e Exclusiva. O ato pacífico também reivindicou soberania nacional e discutiu a defesa da Petrobras.
A luta popular verdadeira se trava no dia a dia e precisa de conscientização política para sermos mais fortes, a fim de defender ideais coletivos, como uma sociedade mais justa e sempre democrática.