Como os leitores metalúrgicos de Sorocaba e Região sabem, a data-base, que é o período previsto em lei para patrões e empregados firmarem uma convenção coletiva de trabalho, venceu no dia 1º de setembro. Em tese, após essa data, os trabalhadores sem acordo ficam também sem as garantias das cláusulas sociais da convenção coletiva.
Por lei, caso não haja acordo após a data-base, uma das partes pode pedir que a Justiça do Trabalho resolva o impasse. O ato de empurrar a decisão para os trâmites judiciários chama-se dissídio.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, a FEM e a própria CUT têm como princípio não pedir o dissídio, pois, numa democracia, a negociação direta entre as partes é sempre o melhor caminho. Além disso, sob o frio olhar da Justiça, a decisão pode não atender às expectativas dos trabalhadores, além de nem sempre considerar os lucros crescentes das empresas, às custas da precarização do trabalho.
Este ano, como todos os outros, com artimanhas e choradeira, os patrões resistem em conceder os avanços reivindicados pelos metalúrgicos.
Neste momento de negociações, a ganância do empresariado fica exposta em argumentos produzidos junto à mídia convencional para manipular a opinião pública, como “queda de produção”, “desaceleração da economia” e qualquer outra alegação que, para eles, soa conveniente para não partilhar esses bons resultados com os trabalhadores.
Com base em estudos feito pela subseção Dieese Metalúrgicos de Sorocaba, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre de 2013 foi 3,3% superior ao mesmo período do ano passado. Além disso, a indústria de transformação teve um crescimento de 4,6% na produção no mesmo período comparativo.
Como destacou Ademilson Terto da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, em matéria publicada na Folha Metalúrgica nº 721, “temos que deixar bem claro aos patrões que não vamos acreditar em choradeira”, lembrando que o PIB cresceu mais do que o previsto, a inflação está em queda [teve deflação de -0,13 em julho] e o dólar mais alto deu mais competitividade à indústria.
Além de verificarmos o bom desempenho da economia brasileira nos últimos anos, convém lembrar os inúmeros benefícios concedidos pelo governo federal ao empresariado, que, ainda assim, insiste em não compartilhar desses benefícios públicos com a sociedade, por meio da valorização de seus trabalhadores.
Enquanto os patrões, com sua ganância pelo acúmulo de riquezas, ficam cada vez mais mesquinhos, esse momento exige que nós, trabalhadores, continuemos na luta unidos, com grande demonstração de solidariedade e consciência de classe.