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Editorial

Palavra da diretoria – A culpa é do modelo

O editorial comenta a origem dos problemas enfrentados atualmente pelos sorocabanos e aponta o modelo de governo, vigente desde o início dos anos 90, como culpado pelas adversidades

Imprensa SMetal

No cenário atual de Sorocaba – onde falta água, a coleta de lixo é precária, a saúde está em crise e dezenas de obras estão paradas- é muito comum se ouvir debates entre a população sobre quem é o prefeito culpado por esta situação. As opiniões alternam as acusações de responsabilidade pelo acúmulo de problemas entre o governo atual, de Antônio Carlos Pannunzio; e de seus antecessores Vitor Lippi e Renato Amary.

Embora os nomes dos três prefeitos eleitos pelo PSDB sejam os mais recorrentes, não falta também quem aponte a raiz do problema a uma administração anterior, do ex-prefeito Paulo Mendes, eleito em 1992 pelo PMDB e que, após o mandato, tornou-se um tucano de alta plumagem local. Já o ex-prefeito Amary, membro do tucanato por mais de 20 anos, migrou para o PMDB após um notório racha partidário.

Mas, independente das torcidas contra ou a favor a um ou a outro nome, é inegável que os três tucanos atuais e o ex-tucano são temas de críticas da população. E isso não é opinião, é fato constatado por todo cidadão que frequente qualquer meio social, partidário ou apartidário, onde se debata a situação da cidade e a qualidade de vida dos moradores.

Mas é justamente no debate sobre nomes – ao invés de modelos de governo – que reside a verdadeira origem das adversidades vividas pela população sorocabana. Não é coincidência que todos os suspeitos de dar origem ou dar continuidade aos infortúnios sociais são ou foram do mesmo partido, do mesmo projeto político, que difunde a mesma visão particular de sociedade.

Há décadas os partidos que defendem a consciência social, a igualdade e a democracia orientam a população a não votar somente em nomes, mas em partidos políticos e em seus respectivos projetos de governo. Pede-se aos eleitores que se informem sobre a origem dos partidos, quais suas bandeiras de luta, suas diretrizes, seus princípios, sua visão de funcionamento da sociedade.

Evidente que a escolha do candidato também é importante, pois é essencial que ele, caso eleito, seja capaz de liderar sua equipe de governo; que tenha capacidade de planejar e executar as propostas de campanha; que seja confiável e leal, inclusive do ponto de vista partidário, para não trair a confiança dos eleitores que votaram nele por ser do partido x ou y.

Mas o candidato escolhe seu partido de acordo com sua orientação política; e a esse partido ele deve fidelidade. Dessa forma, o candidato de um partido conservador tende a ser conservador; o candidato de um partido que priorize só o crescimento das empresas e da economia, sem exigir que esse crescimento resulte em bem-estar para a população, tende a ser elitista e governar para os ricos.

Enquanto o eleitorado local focar suas escolhas e suas buscas por culpados apenas em nomes de pessoas, Sorocaba deve perpetuar seus problemas sociais e estruturais em relação ao poder público. O Brasil já superou essa etapa arcaica há mais de 10 anos, quando percebeu que o modelo de governo representado por FHC, Serra e assemelhados não servia para a grande maioria da população.

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