O pagamento do 13º salário para aproximadamente 193 mil trabalhadores com carteira assinada deve inserir R$ 543,1 milhões na economia de Sorocaba. A estimativa é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), subseção do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal). A primeira parcela do salário extra pago a assalariados precisa ser depositado pelos empregadores até hoje e a segunda parte do valor deve cair na conta até o dia 20 de dezembro. Pelos cálculos do Dieese, o valor estimado para 2016 representa um aumento de 0,96% em comparação ao ano passado, quando o abono injetou R$ 537,9 milhões no município.
Dos cerca de 193 mil trabalhadores que devem receber o 13º salário, aproximadamente 88.586, ou 45,83% do total, desempenham atividades no setor de serviços. Os assalariados do comércio correspondem a 41.735 (21,5%), seguido pelos 31.558 (16,3%) trabalhadores metalúrgicos e 22.682 (11,7%) trabalhadores nas demais atividades industriais. Os 7.963 empregados da construção civil correspondem a 4,12% do total, além dos 768 da agropecuária, que representam 0,4% do total.
Quanto aos valores a serem pagos com o 13º salário, a distribuição é a seguinte: cerca de 42,3% dos R$ 543 milhões — aproximadamente R$ 229 milhões — serão pagos aos trabalhadores do setor de serviços; R$ 144,9 milhões, ou 26,7% do total para os funcionários de metalúrgicas. O montante para os assalariados do comércio corresponde a 14,4%, ou seja, R$ 77,9 milhões. Já para os trabalhadores de outras indústrias, a soma chega aos 50,7 milhões (9,3% do total); Os demais setores, juntos, somam R$ 16,5 milhões.
Estudo
A estimativa feita pelo Dieese leva em conta dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ambos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). No caso da Rais, a instituição considerou todos os assalariados com carteira assinada, empregados no mercado formal, nos setores público e privado, que trabalhavam em dezembro de 2015, acrescido do saldo do Caged de 2016, até outubro.
Com relação aos valores, para a estimativa do montante a ser pago aos trabalhadores com carteira assinada, o rendimento foi atualizado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado durante o ano de 2016. Nesse cálculo, o Dieese não leva em conta os autônomos e assalariados sem carteira que, eventualmente, recebem algum tipo de abono de fim de ano, nem os valores desses abonos, pois são dados de difícil mensuração.
Também não é considerado pelo estudo o adiantamento da primeira parcela do 13º salário ao longo do ano, que em algumas empresas é pago ao funcionário no momento em que é concedida férias, além dos que o recebem antecipadamente por definição, por exemplo, de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) ou Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), quando se trata de categoria profissional.
Dinheiro deve revigorar o comércio
Com o pagamento do 13º salário aos trabalhadores, o comércio está esperançoso com as vendas para o Natal. Segundo o presidente da Associação Comercial de Sorocaba (Acso), José Roberto Cépil, o setor aposta nas vendas de fim de ano.
Os lojistas estão mais otimistas e a movimentação nas vendas deve se intensificar em dezembro, por isso, afirma Cépil, é importante que comerciantes pensem neste fator, antecipem os atrativos, estimulando o consumidor a fazer as compras com antecedência para poder contar com preços acessíveis e uma variedade maior de produtos. “Foi um ano difícil, mas esperamos uma recuperação neste Natal, data mais esperada e tradicional do calendário comercial.”
Uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em todas as capitais do País, mostrou que dos trabalhadores que recebem o 13º, 52,9% pretendem gastar pelo menos parte do salário com compras de Natal. Desse total, 60% são do sexo masculino.
Entre os entrevistados, 42,1% vão usar o 13º em parte para compras de Natal; 27% não vão usá-lo na data com compras e presentes; 7,5% vão gastar tudo em presentes e comemorações; 3,3% vão gastar integralmente em compras e 20,1% não sabem o que farão.
Dos 27% que não vão gastar o 13º com compras ou presentes, 26,6% pretendem economizar. O número de pessoas que quer usar o dinheiro para pagar dívidas aumentou nos últimos três anos: 21% em 2014, 24,3% em 2015 e 26,4% em 2016.
Assalariados planejam pagar dívidas, economizar e comprar
Pagar dívidas, poupar para despesas de início de ano, comprar presentes e deixar a ceia de Natal mais farta estão entre os planos de como gastar o 13º salário. O economista Marcos Canhada destaca que essa renda extra, para quem está no vermelho, pode proporcionar maior poder de negociação. Segundo ele, quem está devendo não deve nem pensar em outra destinação para o abono a não ser quitar as contas.
Canhada aconselha, para quem não tem dívida, que pelo menos uma parte do 13º seja poupada para investimentos futuros e contas do início do ano. “O que sobrar, e se sobrar, pode ser destinado ao consumo, afinal, comprar também é muito bom, mas é preciso parcimônia para não entrar em novo endividamento”, orienta o economista.
Uma enquete realizada pela Empresa Esamc Junior no início de novembro, em que foram ouvidas 100 trabalhadores, aponta que a maioria — um total de 52% dos entrevistados — irá aplicar o rendimento extra na poupança. O levantamento revela ainda que 38% vai utilizar o dinheiro para fazer compras, 21% irá realizar algum tipo de investimento, 18% pagará dívidas e 6% ainda não decidiu como gastar o benefício.
Planos
O casal de atendentes Everton Sid de Lima e Andreia de Cássia Ramos deve usar quase todo o 13º ao pagamento de dívidas. “Precisaremos diminuir os presentes e fazer uma ceia mais modesta”, diz ela. A prioridade é sair do vermelho e começar 2017 com crédito.
Funcionária de uma metalúrgica, Edilânia Alves de Carvalho está ansiosa para a primeira parcela do 13º hoje e conta que já gastou parte do dinheiro mesmo antes de cair na conta. “O meu celular quebrou e precisei comprar outro já contando com essa quantia.” O marido dela, o autônomo Paulo de Barros, não recebe 13º e destaca que a segunda parcela do benefício da esposa será poupada para as despesas do início do ano, como seguro de carro.
Thaís Angélica Almeida caminhava ontem pelas ruas do Centro por recomendação médica, já que daria à luz em poucas horas. Seu marido, Michel Nogueira de Almeida, que trabalha em uma empresa automotiva de Sorocaba há cinco meses, contou que o valor proporcional que receber como 13º será usado para pagar algumas dívidas e comprar algo que o bebê venha a precisar. “Estava desempregado há um ano e meio e agora que arrumei trabalho vou pagando as contas aos poucos e cuidando da família, que hoje (ontem) vai aumentar.”