O Brasil vive o mais vigoroso crescimento da sua economia das últimas décadas, transformando-se em referência mundial pós-crise. As previsões indicam que pode chegar aos 7% do PIB este ano, gerando mais de dois milhões de novos postos de trabalho em 2010.
O sistema financeiro nacional, como já se tornou comum, vai ainda melhor. Os cinco maiores bancos (Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander) apresentaram juntos R$ 21,3 bilhões de lucro líquido só no primeiro semestre deste ano.
Os bancos, no entanto, comparados com os outros segmentos da economia e com o tamanho da lucratividade, criaram 9.048 empregos no período, o que é pouco e insuficiente. E continuam demitindo muitos bancários, usando a rotatividade como estratégia de redução dos salários. Nesses primeiros seis meses, o salário médio dos contratados foi 38,04% menor do que os dos desligados, achatando a massa salarial para reduzir custos e elevar ainda mais os lucros.
A astronômica rentabilidade das instituições financeiras chega a 26% na média. Ou seja, os bancos duplicam de tamanho a cada três anos. Esse ganho sem paralelo no mundo é obtido com as mais altas taxas de juros e de spread do planeta, com a cobrança de tarifas escorchantes e com o massacre do assédio moral a que os bancários são submetidos nas dependências para cumprirem metas inatingíveis.
Dois mil municípios não têm sequer uma agência bancária. O crédito é escasso e caro. Esse modelo só é benéfico aos bancos e não serve ao povo brasileiro. O país precisa de um outro sistema financeiro, que dê sua contrapartida ao desenvolvimento econômico e social, ofertando mais crédito e a um custo menos penoso para a sociedade.
Os bancos, que se vangloriam de constituir um dos sistemas mais avançados do mundo, precisam respeitar as pessoas, tanto seus trabalhadores quanto os clientes e usuários. Eles devem aos bancários uma remuneração digna, valorização dos pisos, garantia de emprego e melhor qualidade de vida, sem metas abusivas e assédio moral, garantindo igualdade de oportunidades a todos, sem nenhum tipo de discriminação e preconceito. Eles também devem melhores serviços para aos clientes e à população, com a eliminação das filas e o fim dos correspondentes bancários, mediante a abertura de agências e postos com qualidade de atendimento e segurança.
Os bancos públicos precisam assumir o seu papel de indutores, dando o exemplo não apenas na oferta de crédito barato, mas também nas relações de trabalho com seus funcionários.
Por isso, a regulamentação do sistema financeiro é um dos principais temas da Campanha Nacional dos Bancários 2010. A pauta de reivindicações já foi entregue para a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Os resultados dos bancos mostram que é possível atender as demandas, como forma de contrapartida com os trabalhadores e a sociedade. Outro banco é preciso, com as pessoas em 1º lugar