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Editorial

Os planos da direita que estão por vir

No editorial da Folha dessa semana confira análise sobre o governo Temer hoje, após diversos escândalos de corrupção, e como a direita brasileira se movimenta para garantir seus interesses

Imprensa SMetal
Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Estão na mira desse projeto patrimônios nacionais como a Petrobras, os Correios, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, entre outros.

Estão na mira desse projeto patrimônios nacionais como a Petrobras, os Correios, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, entre outros.

A direita golpista perdeu o controle sobre o monstro que ela mesma difundiu no País. O governo está em ruínas e seus apoiadores batem cabeça para tentar encontrar uma alternativa ao “Plano Temer”, que deu errado em menos de um ano. Porém, o fato do golpismo estar à beira do abismo não significa que a direita se deu por vencida.

A direita — composta pelos representantes mais gananciosos e intolerantes do capitalismo — tem uma tarefa a cumprir, além de achar um substituto para Michel Temer, que é desregulamentar todos os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários possíveis, antes de deixar o poder. Afinal, esse foi o compromisso que seus representantes assumiram diante das elites nacionais e internacionais ao articular o golpe parlamentar de 2016.

A desatenção a esse cenário pode trazer graves consequências às garantias legais que serviram de base para sua vida até hoje, inclusive para a Convenção Coletiva de Trabalho, que vai começar a ser debatida nas próximas semanas, dentro da Campanha Salarial dos Metalúrgicos da FEM/CUT.

Mesmo com os fatos embaralhados pela imprensa que deu e dá sustentação aos golpistas, a instabilidade econômica, política e social tornou-se indisfarçável para a maioria da população.

A corrupção, as mazelas e desmandos de agentes do governo tomaram proporção internacional, o que também faz investidores pisarem no freio e a retomada do desenvolvimento do país ficar cada vez mais longe no horizonte, infelizmente.

Ainda que sem a menor legitimidade para permanecer no poder, os golpistas querem deixar como legado garantido aos seus patrocinadores — e aos herdeiros deles — a terceirização ampla geral e irrestrita de qualquer serviço, privado ou público.

Querem também garantir que a iniciativa privada abocanhe a previdência dos brasileiros que porventura puderem pagar por isso, visto que a aposentadoria e a assistência social, pelo INSS, vai se tornar inacessível para a maioria se o projeto deles passar.

Nesse futuro arquitetado pela direita, não será mais necessário para eles privatizar o patrimônio público, como fizeram no passado. Bastará fatiá-lo e terceirizá-lo, a fim de que grandes corporações prestem os serviços ou fabriquem os bens a troco de salários e condições de trabalho típicos de subemprego.

Estão na mira desse projeto patrimônios nacionais como a Petrobras, os Correios, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, entre outros.

Mas, para não deixar dúvida sobre a quem servem, os golpistas querem ainda garantir que qualquer “acordo” imposto pelo patrão dentro das empresas tenha validade superior às leis hoje existentes, incluindo CLT e convenções coletivas estaduais. Esse é um dos principais focos da tal reforma trabalhista. Esse é o sentido e o objetivo do modelo de “negociado sobre o legislado”, que a direita vende e a imprensa golpista reproduz como verdade absoluta.

Necessário frisar que a aprovação das reformas será uma derrota da classe trabalhadora que, se estiver desunida e fragilizada, vai virar alvo fácil da recusa dos patrões em ceder reajustes de salários e quaisquer avanços inclusive nas convenções coletivas de trabalho.

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