Um dos mais ilustrativos casos do bom momento que o Brasil vive é o do setor automobilístico. É excelente exemplo de como as medidas adotadas pelo governo do presidente Lula para dar solidez à economia a tornou atraente e competitiva, mas também de como a iniciativa privada tem responsabilidade no crescimento.
Na semana passada, a Volkswagen anunciou um plano de investimentos no Brasil de R$ 6,2 bilhões entre 2010 e 2014. A percepção (acertada) é de que o país será um dos mais atraentes nesse período. Pelos cálculos da empresa, o crescimento do mercado até o final de 2014 será da ordem de 40%.
As demais montadoras também farão aportes. A Fiat prevê R$ 5 bilhões até 2012, enquanto que Ford e General Motors farão investimentos menores, por conta da crise econômica que as atingiu em cheio. Ainda assim, a Ford planeja R$ 4 bilhões entre 2011 e 2015, e a GM, R$ 2 bilhões até 2012.
Se todo o montante for de fato aplicado, serão injetados no país R$ 17,2 bilhões entre 2010 e 2015. Do previsto pela Volks, parte considerável (40%) irá para a ampliação da capacidade instalada, resultando em geração direta de novos postos de trabalho. Mesmo os outros 60%, previstos para o desenvolvimento de produtos, terão impactos na oferta de emprego.
O setor automobilístico já é um dos responsáveis pela ampliação dos postos de trabalho. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, foram criados mais de 1,1 milhão de empregos formais até outubro deste ano. A perspectiva para 2010 é de mais 2 milhões, ou seja, de retomada do ritmo de geração do período pré-crise.
Esse comportamento do ramo automobilístico é resultado da conjunção das medidas governamentais de estímulo à produção, de redução de impostos e de incentivo ao consumo com as respostas da iniciativa privada e do consumidor. Em resumo, o setor como um todo apostou na economia, colheu e continuará a colher frutos dessa avaliação correta.
Foi exatamente essa confiança que manteve o Brasil tão distante quanto possível da crise e fez o país ser o primeiro a sair dela. A previsão é de que passemos por um ciclo de crescimento anual de cerca de 5% entre 2010 e 2017. Nesse sentido, o plano das montadoras é uma antecipação de cenário.
O momento é de intensificação de certas medidas. Em especial, ampliar a preocupação ambiental e cobrar das empresas esse compromisso. A decisão acertada de manter o IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados) reduzido para automóveis biocombustíveis é uma das que atendem a essa nova agenda, assim como a redução de imposto para a produção de eletrodomésticos da linha branca com selo ambiental.
Devemos ainda diminuir impostos de outros setores e caminhar para um diesel livre de enxofre. Mas também conseguir da indústria que os veículos alcancem patamares superiores de rendimento com menos consumo de combustível. Afinal, essa aliança governo-indústria-sociedade já mostrou, no caso automobilístico, que o resultado é positivo a todos.