Estamos em Campanha Salarial e na luta para preservar os direitos trabalhistas e ampliá-los, incluindo as cláusulas sociais da convenção coletiva. Durante as mobilizações de trabalhadores da categoria, lideradas pelo SMetal, reforçamos o tema deste ano da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo (FEM/CUT) que é “Nenhum direito a menos”.
Mas, independente das condições econômicas do país, todos os anos, na campanha salarial, os patrões querem pagar o mínimo possível de aumento de salários. Se possível, querem pagar zero de reajuste. Mas todo ano a categoria se mobiliza e, há mais de 12 anos, consegue acordos favoráveis. O embate é reflexo da luta entre capital e trabalho.
Sobre essa luta – capital x trabalho -, produzimos esta semana um jornal específico sobre a venda da Metalac, em Sorocaba. Nele demonstramos um pouco do jogo do capital financeiro. A publicação mostra a trajetória do novo dono da empresa, o multibilionário Warren Buffet, acionista de marcas como Coca-Cola, Burger King, Heinz e Gillette. A página quatro desta Folha Metalúrgica traz um resumo da reportagem, que pode ser acessada na íntegra aqui.
Mesmo com políticas econômicas atuais que não favorecem a economia, o setor patronal tem acumulado riquezas originadas na exploração do trabalho. A exploração acontece quando há precarização do trabalho, rotatividade, terceirização e outras táticas utilizadas para gerar cada vez mais lucros com menos custos em recursos humanos.
De 2009 a 2014, as multinacionais metalúrgicas instaladas no Brasil remeteram 33,3 bilhões de dólares para suas matrizes. Pelo câmbio do dólar na época (média de R$ 1,98 nesses cinco anos), equivalente a 66 bilhões de reais em lucros obtidos no Brasil, mas enviados para o exterior.
Já a política de desoneração de folhas de pagamentos, implantada pelo governo federal em 2012 e que ainda está em vigor, significou uma economia de R$ 9,3 bilhões para as empresas metalúrgicas, conforme dados do Dieese.
Ainda sobre impostos, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fez as contas: se os acionistas de empresas pagassem 15% de imposto sobre seus lucros, o governo arrecadaria R$ 43 bilhões no ano, suficiente para cobrir o rombo orçamentário previsto para 2016. A isenção de imposto sobre dividendos e lucros de ações beneficia quem investe em papel, e não em produção, desde 1995. Já o trabalhador, paga seu imposto no holerite.
Em síntese, os patrões acumulam capital de várias formas, independente de crise, e bateram recordes de produção e vendas nos últimos anos. Poderiam ter se preparado para momentos conturbados na economia. Ao invés disso, querem achatar salários e eliminar direitos. Eles têm mais noção que o trabalhador da luta entre capital e trabalho. E se unem para tentar fazer o capital vencer, sempre.